Blogue literário deTchalê Figueira

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

CANÇÃO PARA TI

Canção para ti:



Esta é a canção,
Musica que penetra…

Cisnes luminosos, gotas de água,
Seus bicos lindos, de brilho solar


Dez mil pássaros voando,
E o instante, para te beijar.

domingo, 30 de janeiro de 2011

SANJOM REVULTIÓDE

Sanjom revultióde

Rostos de peregrinos
Com mantos de borboletas
Na terra vermelha dançando…

Fumaça feito lençol,
Espalha no deserto a sua cor,
De manto escarlate dança, um santo
Descalço das ilhas…

São João azeviche baila,
África antiga de estrelas,

Homens neste oceano cantando! …

Tambores ancestrais rufando
Transe aluarado dos sexos
Coxas saracoteando cio
Atracam num banho de suor…

Gentes remotas em elevação,
Fecundam vida nas ilhas,
Com seus rosários de asas
Voam neste arquipélago de um dia.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fábula :

Dou-te a lua… diz macaco disfarçado de tribuno,
É carnaval!... (Todos os dias, é um carnaval)
Macaco mor e o seu pelotão de tubarões,
Dentes aguçados, prontos para matar…
Esqualos com permissão, agentes 007 do mono campeão,
Fizeram juramento, na pele de um cão

Com pátrias, e estandartes, seus carros
Com potentes altifalantes. Dizem ser
Salvadores da mediocridade,
Cantam hinos a salvação…

Batráquios repletos de vento,
Coaxando na parada,
Recebem esmolas do seu macaco mor.
Sapo lambendo fel, nas urnas de votação
Macaco rei, feito gavião, vaidoso do poleiro voou.

DEDICADO AO MÁRIO E AO VASCO

Para o Mário e o Vasco, uma tarde no Monte Verde


Num fonólito barco de musica,
Mário e Vasco, percutindo cantavam
Melodias da pedra – idade dos Homens

A neblina abria e fechava portas…
Hieróglifos de fogo, relevos do mundo
Rumor do mar, luz gizando.

Zumbido de moscardo voou bem longe,
Plantas e líquenes dum cheiro mágico,
Minha infância, casa bem longe!…

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Vomito no cálice do Papa

Vomito no cálice do Papa:

Vomito no cálice do Papa
Na sua sagrada igreja
Plena de sagradas mentiras

Vomito no cálice do Papa
Pela escravatura abençoada…

Milhares de negros e índios sacrificados…

Vomito no cálice do Papa
Na sua santa inquisição,
Que na idade media…

Mais cristãos mataram

Que os demónios da suástica, a
Judeus e ciganos na segunda
Guerra Mundial…

Vomito no cálice do Papa
Pela luxúria desmesurada
Do seu templo…

Cristo usava sandálias…

Vomito no cálice do Papa
E na sua senil politica
Contra o preservativo…



Vomito no cálice do Papa… e

(Deixai vir a mim as criancinhas)

Pois serão fornicados
Por sacerdotes pedófilos
Que hão de queimar no inferno!!!!!

Vomito no cálice do Papa
Que condena a homossexualidade
De forma hipócrita e diz que celibato
Não é a causa!!!!…

Vomito no cálice do Papa
Que come corpo e bebe
Sangue…
Sua religião de canibais
E vampiros!!!!!!

Vomito no cálice do Papa… e,
No cálice de todos aqueles
Que usam a religião,
Para pérfidos poderes!












terça-feira, 25 de janeiro de 2011

QUE SEI EU SOBRE GALAXIAS?...

Que sei eu sobre galáxias e mundos inatingíveis? …

Sobre mim, sei que sou célula desfragmentando,
A metafísica não me inquieta, a morte, fim da viagem…

Observo a maravilha de uma flor na rocha abanando,
Pedras gizadas pelo vento estendidas no deserto,
O voo de um pássaro, oxigénio em espiral,
Vozes de crianças cantando, espaço de luz…

Como flutua a terra no espaço?...

Newton acendeu a lanterna,
Fogo foi o caminho no conhecimento dos homens…
Arte,
Carroça de luz, atravessando o milagre dos séculos…


A vida é um rio que nasce no sagrado ventre das mulheres,
Água que corre para a jusante das palavras efémeras,
Margem de um rio, porto de calmaria e noites…

Oh memória, domicílio de bardos,
Narrando a odisseia dos homens…

Que sei eu sobre galáxias e mundos perdidos?...
Sobre o enxame de pérolas, que são as estrelas no universo?...

Sou célula desfragmentando,
O fim da viagem… a morte!



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

UM PASSEIO SURREALISTA NO ARCO

Passeio Surrealista no Arco

Entretidos, estão sentados debaixo de um arbusto numa conversa sobre a transmigração de Buda para o corpo de uma barata radioactiva, que sobreviveu a bomba atómica, Little Boy, em Hiroshima… no horizonte, a baleia Jonas levantou voo em direcção a Ribeira de Janela, onde um comício de bruxas no local conhecido por Esponjeiro, liam num almanaque Bertrand, uma sentença a fogueira a Torre Queimada, e mais uma cambada de inquisidores, que teimosamente recusavam, que as bruxas de Janela, não tinham voado antes dos aviões dos TACV… Em Sinagoga, com mandioca fresca, festejaram a chegada de uns náufragos Judeus a caminho do Brasil, numa nau que o danado de Pière D, Ailly na força da sua insana maldade insistia ver, estes filhos da estrela de David num caldeirão de sopa de tartarugas…
Num concerto Barroco em Fontainhas, um flibusteiro francês, mais cem freiras raptadas pelo folgazão pirata numa caravela Portuguesa; bailavam… Belas freiras oriundas do famoso convento em Veneza, onde Dom António Vivaldi tocava as suas maravilhosas musicas barrocas… Tinham sido raptadas a norte Santo Antão, no mar da Nova Holanda, em viagem para o Novo Mundo… Nuas peladas e cheias de rum nas suas cachimónias estas virgens ensinaram aos nativos dançar Mazurca , Contra Dança…e, Nhô Nau, séculos mais tarde, cantando num patuá crioulo misturado com francês, e gentes tocando e dançando; musica sincopada, rituais antigos que vieram do além-mar … da África e da Europa…

Com quebrantes amarrados nas suas barrigas inchadas de lombrigas, quebrante contra as feiticeiras, meninos nus banham nas ribeiras e, um Capotona, alma de outro mundo que quis abafar um noctívago mas não atreveu atravessar a ribeira, por estar resfriado a alma do outro mundo e… gritando ao noctívago diz: Vai! Vai!... Tens sorte meu sacripanta! … “Em vida, tinha medo da pneumonia!” …

Debaixo do arbusto, com mais de meia tonelada de vinho nas suas cabeças, os filósofos, divertidos com as complexidades da vida, calaram quando uma mulher, mais linda do que os raios de Sol que brilhavam nos seu seios, passou montada num cometa…

O Lezemparim caiu sobre a Praia dos Achados e Perdidos, uma águia voou para a sua gruta cheirando a peixe; piou três vezes, despedindo dos poetas, que regressavam em passos lentos para o outro lado da Ilha…

sábado, 22 de janeiro de 2011

DA MINHA ILHA OFEREÇO-TE A NOITE

Entoam músicos
Na floresta da vida
Canções de amor…

O timbre da harpa
Mariposa dócil…

Labareda de luz
Palácio altivo
Lua no céu,

Da minha ilha,
Ofereço-te a noite…

SE DEUS NÃO TEM MEDIDA, AMOR AINDA É MAIOR!

Quando Salomão Levy recebeu o aziago telegrama anunciando a morte do pai, soube de seguida que tinha que abandonar a sua amante a baronesa dona Felipa de Ferreira, as óperas no teatro D. Carlos que tanto adorava, e as farras em Lisboa, naquele tempo turbulento. Apreensivo, (talvez pensando na herança) teve que embarcar no primeiro paquete da companhia colonial pronto para cumprir o seu destino. Numa manhã chuvoso e triste de Dezembro, bem cedo, zarpou num vapor no cais de Sodré, rumo à sua ilha natal São Vicente, onde lhe esperava grandes responsabilidades. Sendo o filho primogénito, irmão de mais cinco irmãs que também viviam naquele tempo à grande e à francesa na capital lusitana, à custa do seu pai, Isack Levy, próspero comerciante na cidade do Mindelo que, ao chegar a casa depois de um bom negócio, despejava o conteúdo dos bolsos… libras esterlinas em ouro, que atirava para a cama ornada com uma bela colcha da ilha da Madeira e, de seguia, em alto e bom som, gritava: Mulher!... Hoje foi um dia e peras!

- Após dez dias de viagem comendo sopa e má comida no enfadonho e lento barco a vapor (o tempo cura todos os males) Salomão Levy sentiu-se conformado com a decessa do progenitor, numa manhã quente de Dezembro, nos trópicos, avistou o ilhéu dos pássaros, com a sua forma cónica de falo em erecção, de repente, sentiu saudades do sexo cheiroso, da baronesa dona Felipa de Ferreira.

Desembarcou com um sentimento de felicidade do vapor ancorado na bela baía do Porto Grande, por uma escada de quebra costa. Ágil que nem um gato, saltou para dentro de um dos vários escaleres da família que viera espera-lo, por ordem da senhora sua mãe, dona Rosa Levy; um belo escaler de seis remos, tripulado por fortes remadores negros mulatos e mestiços, empregados da firma Levy. Remando com alegria, contentes com a vinda do jovem patrão, num diabo esfrega o olho, chapinhando e puxando na voga com perícia os longos remos, vinte minutos passados, faziam uma agradável atracação no Cais da velha Alfandega.
Com as pernas e a cabeça todavia sentindo os balanços dos dez dias de viagem, caminhou até a enorme casa colonial da família, mais ou menos a cem metros do cais, e deparou com um conjunto de senhoras trajadas rigorosamente de preto, do bico dos pés à cabeça. Atónito, pensou para os seus botões, que a tradição de chorar os mortos, em nada mudara naquela ilha. - Caramba! - Até os brincos das carpideiras, estavam forrados de preto!
Reconheceu algumas das pranteadeiras, umas choronas dos mortos na sua infância aqui na ilha, todas envelhecidas e com rugas da sua vida miserável, estampado em seus rostos, de corvos agoirentos.
Era inevitável! Tinham sido contratadas pela senhora sua mãe, para uma recepção teatral de falsas lágrimas.
Salomão Levy furioso, da fé que as carpideiras estão todas cheias de grogue na testa, tentam ensaiar um carpido mas são autoritariamente postas no largo da rua pelo novo patrão que de forma ríspida, fala nestes termos a senhora sua mãe: - Senhora minha mãe!... O senhor meu pai morreu, sou doravante, o homem desta casa… Choramingas não trarão de volta o meu pai… Todos sentimos com profunda magoa a sua morte, mas a vida continua minha senhora! … Gostaria… gostaria de saber exactamente, a verdadeira causa da sua morte!
– Chocada com a frieza polar do filho varão. Dona Rosa Levy, quase desmaia, pede um copo de água com açúcar à sua empregada. Depois de sorver uns quantos goles do adocicada liquido, de seguida cai num sofá vermelho, com as pernas a tremer. Bebe mais algumas gotas e, com as mão a tremer, poisando o copo numa pequena mas luxuosa mesa de prata marroquina. Segundos depois, suspirando fundo, depois de uma pequena pausa, de forma lacónica, começa a relatar: “Teu pai, que a alma descanse em paz, tinha aqui na ilha, muitos inimigos. Ao regressar a casa depois do funeral do nosso amigo, o Dr. António Silveira, foi a casa de banho, lavar, e fazer a barba… Meu Deus!... De repente!...vindo da casa de banho, oiço a voz do teu pai, num terrível lamento – “ Mataram-me mulher!” – Corri assustada para ver o que se passava com o meu Isack, deparei com ele morto, rígido, caído no chão com a boca cheia de uma espuma branca… Dizem…dizem, que foram os militares e os padres aqui da ilha… Foi assim!... Ao regressar do enterro do seu velho amigo, antes de vir para a casa, foi prestar as suas condolências a família enlutada… como naquele dia, fazia um imenso calor em São Vicente, pediu um copo de água fria a empregada, foi-lhe oferto uma limonada envenenada, que ele inocentemente bebeu… inocentemente meu filho! … Segundo os nossos amigos mais íntimos, foram os inimigos da maçonaria e tu sabes que o senhor teu pai era grão-mestre da loja e tinha muitos inimigos no clero e na tropa.

- Salomão Levy, naquele remoto dia em que a mãe contou-lhe de forma triste, o suposto homicídio por envenenamento do seu querido pai, jurou vingar a sua morte; mas os anos foram passando, ele esqueceu por completo, a sua vendetta.
- Maravilhado com as lindas crioulas, cheio de dinheiro que fluía cada vez mais com o prospero negócio dos barcos, esqueceu da promessa de vingar o pai.
Fornicou tudo quanto era cama na ilha… Casadas, solteiras, virgens; teve imensos filhos legítimos e ilegítimos e, muitas das mulheres que não suportaram o destravado comportamento mulherengo do Casanova, após alguma pressão, com a ajuda pecuniária do fornica dor, Salomão, emigraram para as Américas, outras para o velho Continente.

Continuou ganhando dinheiro aos montões, escutava com nostalgia óperas dos mestres Italianos no sobrado do escritório da mansão, onde papava muitas das suas amantes, num catre americano. Tudo era perfeito, tudo corria as mil maravilhas, mas o destino, tem das suas!

- Num belo dia de Setembro em que Salomão Levy andava pelos lados do mercado de peixe, na faina de negociar mantimentos para um barco inglês, deparou com a mulher que lhe desmoronou por completo, seu charme de galo machão.
Pelo mais incrível que pareça, o Dom Juan, apaixonou-se pela primeira vez na sua vida. Ao ver tanta beleza resplandecendo daquela mulher, dirige-se que nem um bólide a preciosidade e, com a conversa fiada que está acostumado a seduzir mulheres, aborda a mulata Olinda, mas ela não dá bola. Tenta alicia-la com chocolate Suíço, em vão! Como tem que terminar o seu importante negócio com o barco, retira-se completamente exaurido, mas não rendido.
Perturbado com a tampa, da beleza das belezas, ele fica aflito, mas mais tarde, através dos seus informadores, vem a saber que Eulinda é sobrinha de um comerciante menor, um orgulhoso, que é conhecedor da má fama de Salomão Levy, o destruidor de inocências. Tinham proibido a sobrinha, qualquer tipo de conversa, com o mal afamado comerciante.

Desesperado mas sem êxito, Salomão Levy meses sem conta tenta aproximar-se da menina, mas ela não lhe dá troco. Olinda a bela continua firme e serena, mesmo sabendo, que Salomão Levy, é um dos mais belos homens aqui na ilha.
Enfermo de tanta paixão Salomão perde o apetite, deixa de jogar o seu uril, golfe e futebol e, o mais estranho, milagrosamente pára de fornicar as suas inúmeras amantes. Jura pela alma do defunto seu pai que irá desposar Olinda, custe o que custar.
Um belo dia, exausto de tanta insistência, num dia de céu azul de Maio, enche-se de coragem, vai ter com os tios de Olinda, a mulher que não lhe dá tréguas na sua cabeça, nem um segundo se quer.

Trajado com maior elegância possível, vai bater à porta do comerciante, é recebido com frieza; por delicadeza convidam-lhe a entrar, polidamente lhe é indicado um sofá de couro gasto para ele se sentar. Lhe é oferecido um grogue que ele educadamente recusa, por ser homem que afirma, que, a única bebida alcoólica que ele adora, são as mulheres!
Tamanha é a aflição deste Salomão reconhecivelmente apaixonado, ele quebra toda a frieza da cerimónia dos tios de Olinda e, sem papas na língua, vai directo ao assunto. Os tios, humildes, mas de um orgulho incorruptível, escutam atenciosamente as palavras do galam, na sua intenção de casar com Olinda, mas desgraçadamente para Salomão, eles são inflexíveis e indiferentes a sua prosa, recusam sem qualquer argumento, o pedido de casamento do galam Salomão Levy.

Desesperado, sai da pequena casa do humilde comerciante; cabisbaixo deambula pelas ruas de Mindelo, mas a sua teimosa cabeça não desiste de Olinda e jura ir até o fim.
Com o tempo, os tios de Olinda, fazem tudo para desgosta-lo da sua bela sobrinha, soberano, Salomão Levy vai até o fim! Rapam Eulinda o seu belo e comprido cabelo a zero, Salomão não desiste. Acha-a todavia mais bela do que antes, e a onde quer que ela vá com a sua cabeça rapada, ele Salomão Levy está presente, pairando a sua volta.
A família da jovem mulher mesmo assim não verga perante tamanha insistência do cavalheiro, um dia pensa ter encontrado uma nova artimanha, para desgostar o comerciante Salomão Levy, definitivamente da bela Olinda.

Foi terrível! Os tios, fartos do comerciante, tiveram uma abominável ideia, pensaram ter encontrado a solução definitiva, para a desistência do cavalheiro.

- Ora! Naqueles tempos no Mindelo, a maioria das casas, não tinham instalações sanitárias, as pessoas defecavam em latas, que, às nove da noite, com a cidade vazia de transeuntes, eram transportadas até um sítio chamado Caizim, onde eram despejadas as fedorentas latas.
Um cheiro nauseabundo irrespirável invadia as ruas do Mindelo, naquela hora em que nem os cães ladravam e… era
só visto, o cortejo das párias mulheres, mal pagas, carregando nas suas cabeças, aqueles esgotos aéreos repugnantes.
– Olinda, fora maldosamente decretada pelos tios, a fazer aquele ofício de escrava, no intuito de Salomão Levy, desistir do seu querer, mas não foi o caso! Todas as noites, às nove em ponto, na ponta da esquina da casa da amada, Salomão espera por ela, segue a traz de Olinda que vai caminhando envergonhada com passos lentos atravessando as ruas da cidade com o conteúdo fétido. Elegante e perfumado, sem qualquer tipo de nojo, acompanha Olinda sem pronunciar palavra, até a cloaca da cidade. Olinda, ao terminar o despejo, silenciosamente regressa a casa, ele ao lado dela em silêncio… Mas tudo tem seu tempo, acima e abaixo neste Mundo. 24 Meses passados, Olinda, gradualmente começa a trocar palavras solta com Salomão Levy, um belo dia enche-se de coragem, não aguenta mais, confessa a Salomão, que também o ama perdidamente

Morrendo de felicidade Salomão dá a língua nos dentes fala para todas as pessoas que encontra nas ruas, conhecidos e desconhecidos, a notícia espalha pela cidade, e, com a boca do povo a pedir justiça, sem mais estratégias maldosas e argumentos, os tios de Olinda dão a mão à palmatória, meses depois vão ao altar Olinda e Salomão, na maior felicidade deste mundo, depois de tantos percalços.
A enorme tenacidade de Salomão Levy, foi salva pelo amor, esta força que Eugénio Tavares poetizou, e cantou com estas palavras: Se Deus não tem medida, amor ainda é maior!...

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

NA CIDADE

Na cidade

Como um alazão desventrado a chuva cai da cinzenta nuvem
Bátegas de água destilada resvalam na montanha escabrosa
Bicicleta com donzelas montadas, pela ribeira viaja,
Meus olhos um lápis, pintando o entulho da cidade rasgada.

Com grémios pomposos fraudam a solidão
Lábia sem propósito nem candeia,
Princesas e príncipes urbanos com asas de lama…

Abanando abanicos de vaidade, avançam pela cidade,
Escassez de espírito, naufragada agnosia,
Canto de sereias, suicidando a poesia…

Mais náufragos que Ulisses,
Num banquete de navalhas brindam com terebintina,
A morte frívola de um dia vazio.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

UTOPIA DOMESTICADA

Utopia Domesticada:

Na nossa existência obscura,
Agarramos areia
Com pauzinhos chineses…

Sísifos obediente
Carrega a pedra…


Cavalos cansados, mil anos de pelejas,
Lanterna brilhando, justiça ofuscada …

Diógenes morre de tédio, discursando
Nas Nações Unidas…

Homero, Milton e Borges,
Três mosquiteiros cegos…

Bibliotecas incendiadas…

Poetas com extintores,
Escrevem
Versos sem fogo…

Utopia domesticada,
Utopia comprada,
Piruetas num circo de hienas


NA BIBLIOTECA

Na biblioteca…Um tigre de porcelana
A lingueta na chave de um enigma…
Um bordado cai alcantilado
Nos livros poeirentos de uma estante
A aranha viúva espera por Ulisses…
Toda a sabedoria do Mundo
Cabe num grão de areia
Blake tem os olhos de Milton
Homero tem uns binóculos
Nocturnos do exercito Americano…
Thalasa, Thalasa…. Terra… a… vista!!!!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

TCHALÊ FIGUEIRA NA INFLUX CONTEMPORARY - LISBOA


TCHALÉ FIGUEIRA‘DO ARCO DA VELHA’26 Fevereiro > 09 Abril 2011Qua > Sáb 14 h > 19 h


PINTURA INSTALAÇÃO POESIA
DO ARCO DA VELHA

O imaginário é, sim, o que existe. O real, se me permitem, é algo puramente inconsequente, algo que não se traduz, algo impossível de concretizar. Conhecemos as geografias e os corpos em nosso redor através da imaginação que cultivamos. Quando a imaginação e o desejo são escassos, os amores e vontades dos outros tornam-se loucuras.

Invariavelmente, nós aqui, neste lugar, somos construídos segundo relações flexíveis entre a miséria e o desejo. O desejo consome e exige a urgência da materialização do faz-de-conta. No Carnaval, tal como no plano multi-dimensional da imaginação, a Rainha e o Rei colocados no cimo do andor desenhado pelo artista, que esta terra quer sempre ter como anónimo, são escravos dos nossos desejos de chegar mais além, de cada vez ser mais outro e o Outro. Esconde-se o feio que engloba gente. Gente que, apesar de ser parte de nós é, inexplicavelmente, considerada diferente.

A irreverência é naturalmente constitutiva da arte que faz perguntas, a arte que exibe o diferente enquanto nosso, a arte que se quer posicionar dentro do campo do político e por isso é Pecadora. O questionar obviamente não desmembra o autocratismo, mas revela desejos de mudança. No caso particular do pintor, revela principalmente a vontade de mudança para estados de sensibilidade e empatia no âmbito de um contexto abrangente em que o Homem, Deus e a Verdade foram declarados mortos no mundo real e que somente vivem no campo do exercício dos poderes. Apenas nos restam as vontades individuais de imaginar os desejos dos outros como nossos.

Desde a Rua da Praia, no Mindelo, num atelier com as portas abertas para o mar, Tchalé Figueira, sempre independente e certo das suas vontades e procuras, compreende o compromisso de ser “agente criativo”, aqui neste lugar insular. O articular de perguntas e desejos em prol de si próprio mas também em prol dos que o sistema define como o “Outro menor”, os que o sistema teimosamente “circum-navega” porque, em hora de eleições, um grogue ou uma T-shirt servem como suficiente sedução.

Tchalé explora a relação entre o acto e a crítica social. Tristan Tzara, Max Weber ou Jean Dubuffet sublinharam algumas directrizes que permitem compreender a posição do pintor: consciente, sensível e critico e, no entanto, determinado na perseguição do exercício da pergunta. Na obra de Tchalé Figueira, o político, a prostituta, o mendigo, o paupérrimo, o medo, a vergonha, a vaidade, a superficialidade, a tensão ou o desejo estão presentes, vivos e pulsantes. As telas gritam-nos perguntas acerca do nosso próprio papel.

Irineu Rocha











Tchalé Figueira nasceu em 1953 na ilha de S. Vicente, Cabo Verde.
Pintor, músico e poeta, Tchalé é hoje em dia, indiscutivelmente, um dos ícones principais da Arte Contemporânea em Cabo Verde e seguramente o artista plástico caboverdiano com maior visibilidade internacional.

‘Do Arco da Velha’, é a sua primeira exposição individual na INFLUX CONTEMPORARY ART.




Irineu Rocha nasceu em Santo Antão, Cabo Verde. É licenciado em Belas Artes pela Willem de Kooning Academy, Roterdão e Mestrando em Belas Artes pela Central St. Martins School of Art and Design, Londres. Entre 2002 e 2009 exerceu varias funções em projectos de educação e de arte contemporânea no sector dos museus e galerias publicas em Londres, com especialização progressiva na área de gestão de projectos. Entre 2006 e 2008 foi assistente de curadoria para o New Visions of The Sea, programa internacional de arte contemporânea do National Maritime Museum de Londres. Desde 2009 é director do M_EIA, a primeira instituição de ensino superior dedicada às Artes Visuais e Design em Cabo Verde.







INFLUX CONTEMPORARY ARTRua Fernando Vaz, 20 B1750-108 Lisboa+ 351 91 850 1234
info@influxcontemporary.comwww.influxcontemporary.com

A CAIXA DE PANDORA

A caixa de Pandora:


A caixa abriu …

Caixa de rosmaninho,
As colunas; suspenso jardim,
Dez dedos,
Meu tigre erecto;

O Ganges recebe a lua;

No outro lado da margem,
Um pássaro pesca saudades;

Cheira a fêmea!...

Na caixa a poesia entrou,
A ostra abriu seu brasão,

Pandora abriu seu baú,
Teve um orgasmo de 1000 watts.

Num Convento de freiras,
Alegres cantavam:

Aléluiaaaaaaaaaléluia--- aaaaaaaaaaleluiaaaaaaaaaaa!...



domingo, 16 de janeiro de 2011

O ENCONTRO


Olhando da janela do meu atelier para a baía do Porto Grande banhada por raios de sol, enxergo um barco cruzeiro, atracado no cais. Um bando de turistas, na maioria velhos ingleses, fazem fotos da velha capitania dos portos, outros vão entrando no mercado de peixe. Um homem dos seus sessenta e muitos anos, loiro, alto que nem uma figueira-brava, vê a minha Renault 4, estacionado na porta do meu estúdio, atónito, ele circula o carro várias vezes, e é visível na sua cara, uma certa alegria e surpresa, como se tivesse visto de novo, a sétima maravilha do mundo. Mirando na minha direcção, olha nos meus olhos, pergunta-me se falo inglês, digo-lhe que sim, e, apontando para a máquina, diz-me, que o seu primeiro carro foi uma Renault 4 nos anos sessenta. Digo-lhe que o meu tem 22 anos circulando, que adoro o meu velho carro. Pergunto-lhe de onde ele vem, ele diz-me ser Norueguês, que está no cruzeiro atracado no cais, a caminho de Buenos Aires… Que se sente como um peixe fora de água, no meio dos outros passageiros ingleses de classe média, uns verdadeiros snobes, que tratam mal aos tripulantes filipinos, mão de obra barata que as companhias vão buscar na Ásia…Diz-me que o barco é norueguês, mas que único norueguês da tripulação é o seu comandante… Flagrante imagem triste da globalização capitalista, diz-me o descendente dos vikings… Mudando de conversa, digo-lhe que tenho um irmão na Noruega, que mora em Mandal, no sul do belo país dos fiordes, há mais de 40 anos e… Após alguns segundos em silencio, diz:
Gostaria de beber uma cerveja, meu nome é Harald Myrvang! – Meu nome é Tchalê Figueira - Aqui na esquina, na loja Select, eles tem uma óptima cerveja Checa e, se você não se importa, lhe faço companhia!...
Na loja pedi a bela empregada duas cervejas, Harald perguntou-me algumas coisas sobre a minha pintura, disse-lhe que morei 15 anos em Basileia na Suíça onde trabalhei e estudei, falamos do famoso pintor norueguês Munch que ficou famoso com a obra o Grito, também de um outro menos conhecido de nome, Eikkas. Disse-lhe que gostava da musica de Grig, ficou admirado com os meus conhecimentos sobre cultura Norueguesa, (que não é assim tanto). Na segunda cerveja, Harald abre-se comigo, conta-me um pouco da sua vida: Diz-me que foi sociólogo, que está reformado, que vai até Buenos Aires, logo a Patagónia. Ao falar da Patagónia, menciono-lhe o belo livro de Bruce Chatwin: Viagem a Patagónia, ele desconhece a obra…- Depois da Patagónia irá regressar a Buenos Aires, para começar a viagem que fez Ernesto Che Guevara com o seu amigo numa motocicleta. Tinha visto o filme sobre El Comandante: Diário De Uma Viagem Em Motocicleta, ficou fascinado com a película e, após ter falado com os seus filhos, que tentaram dissuadi-lo da viagem, aqui estava em São Vicente, a caminho da Argentina…
Mostrou vontade de regressar um dia ao nosso arquipélago, dei-lhe o endereço e o número do meu irmão em Mandal para dar-lhe informações sobre Cabo-Verde, ele deu-me o seu endereço na Noruega, tentou pagar as cervejas, não aceitei, dizendo-lhe que ele pagaria quando eu for a Noruega.
Despedimos com um abraço! Ele para o seu cruzeiro, eu para o meu atelier…

Foi um belo encontro, um momento de confraternização entre dois homens que em poucas palavras se sentiram ligados pela forma humana, planetária, de amar este globo azul, nossa casa girando neste espaço infinito… Boa Viagem Haral! E que a tua viagem seja um encontro bonito, como foi o nosso, com homens de boa fé, em outras latitudes deste Mundo.

sábado, 15 de janeiro de 2011

POESIA


Desce com a luz das montanhas, vem escutar comigo, a melodia no bater das asas das mariposas matinais...

A sonoridade do mundo; minha felicidade de seres estrela, na lei fantástica da gravidade…

Equilíbrio que ideio, raiz das tuas meigas palavras, meu meio-dia de claridade única! …

Fonte Radiante, água cristalina, flor de lótus num abraço teu...

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

LETRAS SOLTAS


Ulisses a espera de Penélope:

Ulisses como todos os rapazes de S. Vicente, tinha os olhos voltados para a baía do Porto Grande. Deslumbrado com os vapores da Blue Star e da Mala Real ancorados na baía da velha cratera em semicírculo, enxergava também Monte – Cara, a bela montanha, secularmente contemplando nuvens passando, feito um poeta em silencio…

Ulisses, nos seus sonhos, idealizava a distante Argentina nas Américas… e, um belo dia, enchendo-se de coragem, foi ter com António Cara Linda, um abastado negociante de barcos, velho amigo da sua família.
Tirando o boné em sinal de respeito, entrou no enorme armazém de Cara Linda, repleto com miríades de cordas, tintas, e outros objectos marítimos, para Ulisses desconhecidos. No fundo do gigantesco armazém, encontrou António Cara Linda sentado numa velha cadeira americana de vai vem, a moda dos Cow Boys, com as pernas estendidas numa enorme mesa de mogno, repleta de velhos papéis. Lia, um jornal desportivo.
Após cumprimentar o negociante, sem rodeios, Ulisses foi directamente ao assunto e, expressando de forma clara, prometeu a António Cara Linda, jurando por Deus, que iria trabalhar arduamente na terra das pampas, e um dia, devolve-lo o empréstimo para a viagem à terra das pampas, das vacas infinitas, terra de um tal de Jorge Luís Borges, um poeta cego.

Cara Linda, homem bondoso, antigo emigrante que após trinta anos de dura labuta no mundo, tinha regressado endinheirado a cidade do Mindelo, compreendeu perfeitamente o direito de sonhar do rapaz, foi generoso…

Anos mais tarde, depois de muitas vicissitudes, bem da vida, Ulisses era o mulato mais desejado em todo o Doc Sur – Buenos Aires. Bailava Tango melhor do que ninguém, trabalhou com primor, tinha amealhado em pouco tempo, uma considerável fortuna, vendendo charutos de contrabando. Visitava frequentemente, alcovas e bordéis das belas senhoritas Portenhas, sem nunca esquecer, Penélope, a mulata mais linda da ilha, que ele carregava numa foto, religiosamente guardado na sua carteira de couro argentino genuíno…

Anos mais tarde, após uma longa troca epistolar com Penélope, que durou cinco anos e cinco meses, resolveu pedir aos pais da donzela a sua mão, e foi grande a alegria de Ulisses, quando recebeu a contente epístola, com a bênção, dos progenitores da amada…

Através de um procurador, com rígidas instruções dadas por Ulisses, foram regrados os papéis na inflexível burocracia colonial na ilha, meses depois tinham marcado a data do casamento e… obviamente por procuração, devido a ausência do noivo, emigrante, na distante Argentina…


Naquele dia, a cidade brilhou! … Contam os mais velhos da ilha, que Penélope, até hoje, foi sem dúvida, a mais linda de todas as noivas! Naquela data memorável, fora conduzida ao altar pelo excelentíssimo, Sr. Doutor juiz, Manuel da Cunha e Sacramento Pais Ferreira da Silva, padrinho do enlace, por ordens do mulato Ulisses.

Célebre foi a festa do enlace com centenas de convidados distintos, na sala do Nho Jom Tolentino no bairro Monte, onde tudo foi foguetes, tambores, e tonelada de manjares, festa que durou, cinco dias e cinco noites, sem parar…

Terminada a euforia e ressaca da festança, duas semanas mais tarde, Penélope aproveitando um barco de passageiros, embarcou para Buenos Aires numa noite de Fevereiro, com um frio cortante a fazer sentir, um escuro de breu, e uma maldita cacimba, chicoteando as costas dos remadores se mi nus, remando num dos botes de António Cara Linda que transportou a bela Penélope, para um vapor inglês da mala real, ancorado na bela baía de São Vicente…

Penélope, como o coração apertado de saudade da sua família, triste embarcou no navio inglês de nome Faith, barco da mala real, que rumava primeiro ao porto de Santos no Brasil, e logo para Buenos Aires, capital da Argentina…
Num ambíguo sentimento de curiosidade e saudade, Penélope deixou os pais no cais da alfândega chorando, acenando a sua princesa com lanternas acesas, naquele piche tropical no velho cais, com suas gruas fálicas, fornicando as estrelas.
Era, a hora di bai… pensou Penélope, naquela noite, lembrando por momentos a bela morna do poeta Eugénio Tavares. Com certa nostalgia e um certo transe, ia escutando o chapinhar dos remos do bote, entrando e saindo da água salgada, daquele mar profundo…

Horas depois, com o paquete cortando o azul do céu e do mar, num esforço titânico ela dormiu. No segundo dia de balanço, enjoada, Penélope logra sair da cabine, depois de ter vomitado as tripas coração, de tanto chorar, até não ter lágrimas para derramar, de tanta saudade…
Com as pernas tremendo, dirige-se ao salão da nave. Entra pela a porta adentro, depara com um passageiro Cabo-verdiano, um belo homem, com quem já tinha cruzado na pequena praça Nova, na cidade do Mindelo…
O cavalheiro, um peralta de paletó branco e sapatos a duas cores que brilhavam impecavelmente, ao avistar a formosa mulata, levanta do seu lugar, convida a Penélope de forma cordial para a sua mesa, no amplo salão inglês, decorado com um enorme quadro com motivos de uma caçada, onde homens a cavalo, e uns sabujos raivosos com dentes afiados, perseguem uma raposa numa floresta deprimente, escura, certamente pintado por um pintor kitsch…
Com o seu cabelo crespo, alisado com brilhantina a moda de Carlos Gardel, e um bigode perfeitamente simétrico, o elegante homem é, um aventureiro, que reside em Salvador da Baía e está regressando a terra do candomblé, após umas longas férias no seu arquipélago, terra onde nasceu.
Com seu ar de sedutor afro-latino, Penélope não resiste ao charme do peralta, começam um namoro e, no quinto dia de navegação, ela é seduzida de forma admirável, por gestos graciosos do belo cavalheiro, também bonitas palavras, declarações de amor, no belo cantado português do Brasil…

Ela é desflorada com mestria, num piscar de olhos, pelo astuto António Cabo-Verde, malandro cafétão, conhecido em todas as esquinas na cidade de Salvador da Baía. Amaram-se perdidamente até a exaustão, perante a indiferença da tripulação…

– Coisas do destino!!!! Penélope, nunca chegou ao seu destino! … E, como diz um velho sábio: O destino?... O destino, a gente faz! …

Arrasado pela fatalidade, sem nunca perceber o paradeiro da amada, louco de dor, Ulisses perdeu a noção do tempo…
– Hoje, velho e andrajoso, tem uma barba enorme, cabelos sujos desgrenhados, feito punhais, prontos para lhe espetar, no seu coração destroçado…
Triste, Ulisses senta todos os dias, horas sem fim, no cais numero 7 em Doc Sur Buenos Aires, acompanhado do seu fiel cão, Argos… Olha fixo, sem mexer as pálpebras. A frente, o vazio do imenso mar…
Dizem, que está esperando o fantasma da amada perdida, que nunca chegou aos seus braços.

Tchalê

POESIA


Cortina branca de estrelas e conchas, janela escancarada… Luz crepuscular enchendo a tarde com ténue melancolia.
Escuto uma cantilena de crianças, repetindo letras do alfabeto, que colho, para te escrever esta canção… Lentamente, a noite cai no mundo! …
Os pássaros já beberam na fonte do dia, regressam cantando aos seus ninhos de plumas…
Sinto o silencio, que desafia meu peito, também o ruído da caneta, que escrevo teu nome, na folha imaginária do teu corpo em luz.

Poesia


A ilha em ti
Brisa no céu

Beleza eterna
Orgasmo em flor