Blogue literário deTchalê Figueira

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

POEMA RURAL

Poema Rural

Chão molhado, cheiro a terra, e a bosta de galinha,
Uma lagartixa verde, papado por um galo; da janela da vizinha,
Gemidos de prazer; hora de sesta;
Mandaram as crianças, irem brincar;
Imitando seus pais, gemem de prazer
Vão aos currais sodomizar cabras…

No topo da colina, cavalos e dragões
Num azul do paraíso viajo a Austrália,
Um aborígene pintado de ocre, tem no corpo
Estrelas, entoa cantos do começo do mundo…

Passam duas crioulas, de chocolate e ébano,
Giro a cabeça, seus rabos perfeitos, saracoteando,
Austrália apaga, desaparece nas brumas,
Com água na boca engulo saliva, dobram uma esquina,
PORRA!... Lá vai o sonho!

DO MEU LIVRO O AZUL E A LUZ

Irei pela ruas do Mundo delirando
Com o cheiro (a)mar das ilhas
Farei que os meus cabelos de mil pássaros
Voando, sejam a anunciação da contiguidade

Sorridente ternura de gazela
Mansos olhos na floresta
Nuvens de beijos relâmpago
Chovendo em quartos de relva

Árvore raiz, lua de marés
Lábios de água no zénite
Saciando amantes da luz

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

DO MEU LIVRO - O AZUL E A LUZ

Tinhamos amado no vazio, e a serena
Luz poente diluindo na noite de pedra
Carregava um cheiro a magnólia, na
Nossa patética solidão de naúfragos.
Aurora de inquietação solar fui ao teu lado;
Na deriva cósmica dos meus pensamentos,
Beijei constelações de melancolia...
Na cegueira de um reencontro triste,
Desvaneci-me na ilha do meu sentir,
Naufraguei no frio dos teus beijos,
Terrivelmente, ausentes de luz.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DO MEU LIVRO O AZUL E A LUZ

Toda a grandeza deste Planeta...
Será que algures no Cosmo existem
Seres que pintam girassóis a Van Ghog
Ou compõem sinfonias lindas, como as de Beethoven?
Oh Terra de encantos e desencantos
Girando em música e gangrena...
Em 1913/ 14 I guerra Mundial, Verdun (700 000 Mortos)
Em 1915, Einstein descobre a teoria da relatividade
Hitler escreveu Mein Kampf em 25, Kafka o processo
Fleming dá ao Mundo a penicilina...
Em 53 nasci neste mesmo Planeta e, hoje,
Que escrevo este poema, morreu Jorge Amado,
Talvez algures, nasceu um ditador...
VIVA O MEU PLANETA AZUL, AND THE SHOW MUST
GO ON!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DO LIVRO: O AZUL E A LUZ

Quero ser livre como as nuvens
Errante como o vento e zebras
Das savanas.
Leve será a luz dos meus dias
Nuns seios de jasmim.
Deixai-me embriagar suavemente de ar,
E respirar profundamente, minha vida de poeta;
Assim como o vento e a luz,
Vivo em palavras que se perdem
Em si mesmas.
Tchalê Figueira

sábado, 19 de fevereiro de 2011

VEM,VAMOS FESTEJAR

Vem, vamos festejar o dia,
Porque a água do rio passa,
Nunca regressa…

Tua mão de fina orquídea,
Agarrada a minha!...

Vem, vamos festejar,
Vamos ver a lua navegar…

Los coiotes uivam, la luna passa!…

Vem, vamos festejar…
Fazer amor nas dunas douradas
Da grande praia,
Seu tecto de estrelas, fantástico é a ilha…

Vem, vamos festejar,
Égua e cavalo, num leito de nuvens,
Galopando num horizonte em chamas.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ETERNIDADE


Três tururus no deserto animam
Um baile de torvelinhos com trompetas de vento,
Um peregrino com um cajado de sonhos baila.

Um lama tibetano, varre uma pintura tântrica na areia…

Desvanece o bem e o mal num sopro,
Toda a beleza do mundo, assim acaba,
Todo o cansaço também! …

Um milhão de anos-luz,
Apaga num suspiro.
Eternidade...

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

REI AFRICANO

Rei Africano

Poente fogo, lança inerte… gasto caçador,
Usa relógio, meridiano sem luz
Berloques do norte, “plástic is fantastik”
Falamos de leões,
Dente de felinos, seus troféus remotos.

Minguada lua, mirradas mulheres
Tambor fraco, dor nas estrelas
Vírus violentos, consumidos olhos,
Cada segundo, a morte almoça…

Velho africano usa calções,
Perdeu o salto, não beija o sol
Casa de lata, sonho apagado
Na cidade grande, porteiro nocturno…

De uma limusina, sai um fantasma,
Rei africano, abre-lhe a porta,
Faz-lhe uma vénia, palmas abertas
Jaguar ferido, orgulho secando…

sábado, 12 de fevereiro de 2011

OS PURITANOS


Os puritanos não gostam de palavrões
Mas nas suas cabeças sujas deliram;
Vão as igrejas, sinagogas e mesquitas,
Expurgar seus pecados com um tal de Deus,
Ficam escandalizados com espíritos livres,
Que escrevem o cru real do mundo;

Charles Bukowski para queimar no inferno
Que só existe na cabeça de imbecis; e,
Aqui na terra, este inferno, com guerras, assassinatos, pedofilia;

Os puritanos, lêem a bíblia, também talmude e o alcorão,
Seu Deus cruel pedindo a Abraão para sacrificar seu filho,
Se fosse hoje, era processado, por intento de assassinato,
Delírio, loucura, fundamentalismo;

Henry Miller amaldiçoado por escrever livros
Sobre o amor, sexualidade, coito e prazer;

Estes puritanos, abandonando cinemas berrando,
Blasfémias!!!!!!! Escandalizados com “ O ultimo tango em Paris”
Ou “Je te Salu Marie” de Jean Luc Godart ;

Os Puritanos abominam a nudez, e… se a roupa
Fosse salvação do Mundo, ninguém nascia nu…

Alivia a dor, oh puritano paspalho com o amor,
Fornicando sempre a teu belo prazer,
Fazendo amor com quem quiseres,
Iluminando teu dia, despindo a capa, de puritano pecador.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BUROCRACIA SENEGALESA

Burocracia Senegalesa


O safado do Djibri nos faz esperar.
Já estivemos em mais de dez escritórios
Os guardas vêm televisão e bum bum…
Carimba seu filho da puta, carimba e cobra…

Num banco mais duro que o penedo de Gibraltar
Eu e Mauro esperamos pelo safado do Djibri…
Sabe patrão!... Ainda falta mais tampom
E mais 200.000 Francos CFA, se não, os quadros
Não podem sair!... Compreende Patron?...

Sentados no raio do banco,
Flocos de tinta, caiem do teto da temerosa alfandega,
Parece neve caindo num filme surrealista…
Umas gazelas senegalesas passam rebolando o cu.

Entende patron?... mais selo e carimbos, entende?
E não se esqueça dos meus camaradas aqui comigo!...
Sim Djibri, sim! Seu cabrão!...
Se Franz Kafka
Trabalhasse na alfandega senegalesa, não morreria
De tuberculose… seria internado num manicómio
O que irá acontecer comigo, se não sair desta espelunca…

Foi um dia de Frankenstein! … Djibri levou-nos 400.000 CFA
Disse que tivemos sorte, foi com isenção alfandegária.

Todavia não sei, qual o papel de Djibri
Na maldita alfandega!...

Com os quadros no camião, gritei:
Vai-te foder Djidri!!!!
E ele:
Merci patron, merci!,,,
Quando no ocaso a luz abandona o dia,
teu nome, como um barco de brisa entra;
Navega em círculos de pássaros,
na minha memoria teu nome...
Abre a noite o seu leque de estrelas,
um diamante de galáxias percorre
meu corpo, e, quando chega a minha mão esquerda,
lado do coração, aberto te estendo a jóia, reluzindo
em infinitos beijos...
Quero dizer-te, fonte cristalina, amor, agua,
minha musa, minha casa, templo de sonhos
agradáveis; rosa que a abelha seu doce néctar bebe...
A luz abandonando o dia, a noite és tu; luz,
em todas as estrelas no universo.