Blogue literário deTchalê Figueira

sexta-feira, 4 de março de 2011

A VIAGEM

Lá longe de aquilo que eu e o
Mundo sabe é o vazio. A especulação
Das estrelas, as palavras. Sempre as palavras,
A candeia e a bengala, o sustento do efémero,
Borboletas desfazendo em cinzas.

Sementeira nos campos. Algumas perdidas
Pela secura da alma, outras iluminadas pelo
Incêndio do peito, tal mulher casa da primavera.

Neste monte verde uma grinalda de névoa entra
pelas minhas narinas, penso nos meus mortos que
frios jazem em catedrais olvidados e, no
meu eu, a luz herdada dos seus candelabros
de cristalina sabedoria

Com meu cajado de plumas e um mar imenso
de pensamentos a águia voa, meu pés descalços
sentem a renda dos massa pés, modelando trilhos
na ilha

Lembro-me dos teus ombros que beijo e torno
A beijar cem vezes cem, ou equação infinita
na tábua de ébano dos teus olhos. Borboletas,
pássaros, flores, e meus dedos apontando uma
lua coralina, que repousa entre os vales dos teus formosos
seios.
O quarto, a mesa onde divido o pão e escrevo,
invento palavras cortantes como a espada da
morte, também o sabor a mel que corre nas linhas
das minhas ideais. Colheitas armazenadas
na electricidade do meu crânio iluminado, insectos
coloridos com sangue, sobrevoando o lago das minhas
incertezas.

A casa febril arde, papoilas vermelhas
suspensas na seara, o invisível ar
que respiro, a profundidade no oceano das palavras
que sondo. Respirar de cavalo sem freio,
a tristeza ,o amor e a morte, corrente marítima,
veleiro navegando na borrasca,
minha solidão sem beijos.

Romarias e suor, repicam-se tambores nas ilhas. Santos por um
dia pelas ruas caminham, dos seus sexos bátegas de chuva regando
acácias com seus ramos de navalhas apontadas para a lua.
O povo canta, a cortina da míngua
num tocar de corpos desvanece no vermelho da terra,
e, ressuscitado por um segundo, Cristo com um panfleto
de luz, grita aos homens: Amais uns aos outros, irmãos.
Igrejas, mesquitas, sinagogas, templos iluminados,
dogmas e mártires, artilheiros da fé, mentes
flageladas pela cegueira do verbo

Meu corpo é meu templo, são
beijos de libelinhas, pairando num regato de
cantigas.

Violinos, liras, harpas, violoncelos na rua dos
tímpanos repousam – os sentidos orquestram
a harmonia do dialogo, e, sentado na raiz milenária de um
dragoeiro, oiço o cristal da musica embalando
meu peito grande. Cintilam-se estrelas de
branco veludo, neste universo sem fim.

Violáceo poente, jardim dos
meus olhos, quente vermelho, caminho
leve, varanda nas pálpebras, minhas
pestanas pintando oceanos, as cores, a luz,
sombra e brilho. Sem LUZ!... não há espaço nem tempo!…
Passa um moscardo, regresso a infância bem longe …

Foram tantas, mas algumas pelos caminhos as perdi.
Daguerreótipos depositados no monte
Da minha lembrança. Singapura, ... trinta moedas,
três maços de Chesterfield, meu coito triste,
órfão do mundo, e, mais mar a fora, a ilha de sonhos,
paraíso perdido que a vida anseia.

Rosa-dos-ventos, barco do corpo
Horizonte de tigres, homens – a – vista! …
Será este meu porto seguro?... Teria que encontrar-te
de novo, oh musa perdida!... Tu que comigo
ao agro foste, escutar a fresca erva crescendo.

Planície verde, ausência de espelhos, abominável
objecto de vaidades múltiplas, imagem
negra no pós Outono da vida, rugas no coração,
Homens na plástica, olhos rasgados orbitam
sem brilho, a morte que nunca avisa quando vem jantar.

Bandeiras, estandartes, suásticas, soldados,
Guerreiros marchando, gritam ao tirano :Ave César!...
morttituris ti salutem)
bestas teleguiados colocando ovos no útero do Mundo,
selvas ardendo, mães sem sorriso,
águias apunhaladas no voo do poeta!!!!!… Mas
o poeta feito pássaro que renasce das cinzas inventa
palavras, iluminam-se livros, estes templos sagrados
de divina sabedoria.


Mãos em chama, fogo da aurora, nasce a palavra,
longos dias eternas noites… Ele, sussurrando, pergunta:
São verdes os teus olhos, ou são azuis, como a fina
linha do mar que vem dar a costa dos meus sonhos?

Oh salamandra dourada, fogueira viva,
estrada escarlate. Minhas artérias são rios de sangue,
palavras em meus lábios, cotovelos dobrados, rezo a beleza,
Fénix renasce, musica celestial, partitura divina,
divino escuto Beethoven… ( Freude Godes funkel
aus Ellisium) movimento de batuta solar, musica infinita.

E eis que escrevo este poema aos meus amigos vivos e mortos.
Mortos nas suas frias lapidas, carrego-os
no cadinho da vida… A vela cintila, uma brisa fugaz
entra e sai pela janela das persianas verdes…
a cor dos teus olhos não é?…Ou!… serão azuis?...
negros?... castanhos?... Amo-te com todas as cores
mulher vindima, uva que
etiliza meu veleiro de mastro firme. Sou capitão,
marinheiro de velas soltas nas vagas do teu pão
que como e ofereço-te a comer… Leite, manga,
nuvens, crianças, lua, a imensidão do peito, ajoelhado
beijo teus lábios em flor.

Semente da terra, origem da vida, convexa prenhez,
planta que nasce, festejamos a vida, com cavaquinhos
e violões, a navalha que corta o fio, entre a mãe
e a cria, primavera em brilho, sorrisos marfim,
catedrais de ébano, bocas vermelhas, belos os seus
rostos, rendas de Holanda, mesas coloridas, iguarias
crioulas, manjares e bailes, papilas gustativas, o
céu da boca, malagueta e melaço, cana de açúcar,
o grogue que embriaga nossas alegrias,
também a dor das nossas tristezas…





Pernas pintadas, pó de terreiros saracoteando,
juventude firme, corpos de basalto, seus sexos cheirosos,
coxas ritmadas em transe bailando,
astros que queimam o circulo das saias, carcelas em fogo
suspiros na noite,
Lua bem clara, cama de amantes,
tamarindo gemendo, flores no quintal,
coito efémero nada é eterno, transita o tempo,
La nave vá…

Ofídia fria, Inverno sem luz,
os dias as noites, manto de espinhos,
sem agua no poço o corpo morre,
pálpebras exaustas, guerra dos homens,
o frio mármore, almas cortadas,
sangue inocente, borram-se estradas, lábios sem rega,
sede de viver…

Moedas que corrompem, de fel é a seiva,
vida quebrada, peçonha no cálice, vinho corrompido
falsas abençoas, traqueia que rasga, afónica é a
lira, velas e velórios, estrelas extintas,
caule quebrado dedos partidos, canetas ardendo
escritas sangrando, frios revólveres suicidando
sonhos,… a LUZ da vida, o dia que renasce…

Montanha curva, ventre de
Mulher, parto feliz, a vida,
rio abrindo, relâmpagos, voam-se os dias, soltam-se
amarras, nas veias o sangue, meu corpo nu, multiplicação
de anjos, orações divinas, atiçam-se lareiras, meu cérebro
descansa, a morte fica para um outro dia.

Desço a corrente num barco de seda,
meus gestos, tuas mamas, teu cabelo azeviche. Floresta de crinas
teus olhos que brilham, jardim dos sentidos, os sinos que tocam,
torre ardendo, meu pénis duro, tua concha em flor
teu desejo molhado, minha língua solar, curvas
na púbis, jardim de jasmim, mariposas e pétalas,
teu profundo olhar que entoa musica….


Trompetes e tambores, violas de amor, polifonia
alegre, montes castanhos, braços e dedos,
palma das mãos, rezam-se terços, Cristo bailando,
crianças no baile, pura inocência, coroa sem espinhos,
ilhas vulcânicas, negro basalto, rosas do mar…

Maria, Joana, Bia, Teresa, rebolam-se coxas num
abrasado suor, frenesi musical, cursos de
água, rostos de negros, índios e brancos, nascimento das
ilhas, ancoradouros e portos, casa de marinheiros,
desflora dores de santas, o sal o azeite, a cruz e
os santos, bordeis nas esquinas, gemem-se janelas,
canto de sereias, tatuagens carminas, capitães
de Posídon, filhos do mundo, abandonaram-nos no mar,
tanta saudade, nos dias renascemos,
para bem morrer…

O rugir do mar, um leque de pranto,
terra rasgada, lua serena,
cantamos a desgraça, da sombreada
vida, aves queimadas, tombam-se estelas, neste céu sem fim,
lágrimas e dor, dédalo sem êxito, labirinto oceânico!!!!!…
Oh esperança!...

Buda renasce, crio caminhos, biliões de lanternas,
são pirilampos, lótus da vida, flores no trilho,
ascendo da ilha até as estrelas,
a visão do cosmos, meu universo,
sou a candeia do meu caminho.

Formam-se clarões, repicam-se sinos. Tocam-se
Tambores nos vales da ilha, colar de pássaros
flautas marítimas, pernas que brilham, seda é a derme,
corpos de cristal, incenso de mulheres, fogueira eterna,
cálice que aflui sangue menstrual, fecunda bandeira
mulher sagrada, lança e arado, meto a semente.
Flor de espiga, milheiral no vento,
peixes e pérolas, mãos dos teus braços,
coluna vertebral, pose de rainha,
electricidade no ar, horóscopo e oráculos,
destinos escritos, infinitamente juntos... possibilidades
possíveis, finito, perene, despedidas e encontros,
a vida e a morte. Naufrágios do mundo, a imensidão
do mar… aqui chegaram, novo mundo criaram …
II

Nas suas naus arribaram,
Ilhas vulcânicas, paleolítico repouso,
a primeira missa, repteis e pássaros,
baptizaram-lhes com nomes, que não
advém de Deus… mas sim dos homens,
da sua memória…


A bíblia a espada, pólvora e grilhetas,
Ninharias e missangas, homens esbeltos,
negros e negras, belos como a noite, nocturno azeviche,
reténs e chicote, úlceras e ultrajes, negreiros
malditos, homens marcados, ferro e fogo,
Nasceu o Novo Mundo, com el: Blues, el merengue, e
el uáuánko. Quatro por oito, kumba lele,
Xango, Ogum, yemanjá,
novo lado do mar, algodão em rama,
Coton Clube negro, crioulo é o jazz, que vai libertando-nos,
para renascermos…. Mas…


Com o destino, por aqui ficamos:

Dermes brancas, rosas negras,
melaço nos lábios, cor de mulato,
Peixe, feijão, milho e pilão,
Cavaquinho nos dedos, divinas mornas,
este mar imenso, que nos rodeia,
festa das águas, se Deus quiser, meu
penedo de Tântalo, sede secular, fonte amputada
língua murchada …
morremos e ressuscitamos nosso desespero…
teimosamente aqui ficamos…

Daqui zarparam, naus e veleiros; braços de pedra, arpoadores de
Setáceos. Ondas gigantes, gentes remotas,
filhos do fogo, dez ilhas secas, sede sem fim… Xango, Uatanka,
Cristo, Schalom, sou negro, índio, lusitano, hebreu,
marinheiro das ilhas, num norte sul,
cheiro a goiaba, delicioso carpo, orgasmo forte, filho
colonial, carrego em mim continentes e mundos,
querer ficar e ter que partir…

Penélope acena, com seu lenço de pedra,
lágrimas secas, dias rasgados, membros
calcinados, exiladas almas, cartas que chegam,
modas e moedas, epístolas de luto,
luto e amor, matrimónios por fotos,
procurações. Bodas em Lisboa, Boston e Paris…
vistos de entrada, cartas de chamada, convocações. Censuradas cartas,
Salazar voraz; Tarrafal farpado, frigideira queima,
pulmões rasgados, ratazanas e rondas,
camaradas delidos, carne de canhão,
chumbo de indecência, irremediável loucura, circulo craniano,
réptil milenar, nocturna demência, navalhas loucas
baionetas frias, fresca é a carne,
heróis na peleja, mortos e medalhas,
matam e morrem, anos sem fim,
há tempo para tudo, aqui no Mundo…



III
Em vagas frescas nasceu meu mar,
lavei meu corpo, nasceram mundos, pão nas
estrelas, abanico de chamas, signos e flores,
monte de rosas, sexo balsâmico, paixão de viver,
a hemoglobina quente, bíceps crescendo, luvas de
agua, mãos de pétalas, campo de folhas
bela é vida, forte o amor, pássaro que voa,
neste mar que canta… Minha viagem!…


Lábios de tulipa ardem em meu corpo,
película branca, neve do norte, rios gelados, torres néon,
estrada do paraíso, relógios de agua, mulheres loiras,
polidos vasos, porcelanas de Delft,
crinas de milho, triângulo solar, meu sexo ébrio,
embriagues de touro, planície verde,
diques e riachos, humedecidas conchas,
narciso mulato mornando na viola, canta as mulheres, de blanca luna….

Roterdão, as pontes, pernas bonitas,
bicicletas girando, seios altivos, meu peito que rasga,
nascem tulipas, aqui habito, vindo das ilhas,
broca gelada, fura meus ossos,
barcos a – vista, marinheiros sonhando,
mornas e ninfas, faróis do porto,
navegação exótica, vitrinas de sexo,
gonorreias arcaicas, falos em delírio,
desgraçada solidão, La petite mort…

Iv


Cargueiro na neblina, Oceano Pacifico,
Singapura, China, livro de Mao,
altifalantes ríspidos, uniformes azuis,
individualidades perdidas, falsas doutrinas,
num corcel de sangue, galopa a peleja, Vietname
queimado, América murchando, Marte de espada
ceifa Saigão, heroína nas veias, filhos da noite,
Senhores das guerras, assassinos perversos,
sorvem champanhe, em crânios de chumbo,
contemplo as estrelas, oh miséria do mundo!…

Constelações de palmeiras, cruzeiro sul,
pescando pérolas, homens castanhos,
Gougin pintando, a luz é vida,
na Austrália cantam, doces sábios,
Aborígenes da terra, telepatia forte; bumerangues voláteis
separando estrelas, trilhos na noite, olhos felinos,
canto nómada, seus djederutus, musicando com seixos
seus corpos bailam, oiros cabelos, narinas
largas… vieram Britânicos, raptaram seus filhos,
violência e álcool, agonia de um povo,
Sidney , Cairns, Adelaide, Pert, soltei as amarras
segui o destino… Quinze dias e quinze noites, vi o monte
Fuji. Beijei Bacho, lendo Haykus. Poesia breve, universo profundo,
meu Zen budismo, a espiritualidade do ser,
Yokohama ocidental, comboios cometas,
trilhos chiando, peixe gigante, mito de sismos…
juba de Einstein, Mc2… Openheimer devasta com seu litlle boy,
duas cidades, a bomba atómica, cadáveres em pó
flautas de bambu, Schaguaschy que chora,
quimonos de seda, gueixas no chá,
amendoeira e neve, pétalas perfeitas, mariposas azuis,
levante solar, fim da estrada do Japão parti, termina aqui,
a segunda viagem…
V
De contratos com a vida seguimos vivendo,
pela sabedoria dos homens, nos céus voei…

Do Oriente para o Ocidente; Sir
Isack Newton e a gravidade. Macieira e maçã, que
não é a de Adão, tão-pouco de Eva,
mito de Ícaro, sonho dos homens, inatingíveis mundos,
liberdade ou queda… Tokyo, Amsterdam, via Alasca,
foi um milhão de dólares, conta a historia, Ancorage na
névoa, rio com salmões. Saltam para a morte,
seu renascimento; meu caminho na vida, linhas da mão,
labirinto sem centro, a metafísica, penso no amor,
existo, penso…


Lua soberana céu argentino, rosto de mulher
pálpebras rasgadas, branco cristal, nocturnos
olhos, pestanas de seda, quimono
florido, vénias e luvas, mãos de nuvens,
papel de arroz, caligrafia zen, diploma lácteo,
pólo norte níveo, Robert Perry frio, infinito
silencio, a evolução dos homens,
maquinas voadoras, meu avião no ar,
sigo viagem, caixa veloz, perfurando sombras…

VI
“ Mas tudo regressa, ao ponto de partida!...”


Roterdão meu templo, rezo as divinas,
bicicletas voam, meu falo sulca, regresso a Ítaca,
rosto bronzeado labareda ardendo,
I,am a sex machine; objecto sexual, Europa mulher, minha
concubina, sou bailarino leve, pétala no vento, furação coreográfico,
bailando James Brown… It is a mans mans World… divina tragédia
visto de estadia, aborta aos três meses, barco ou fronteira,
comboios de gado… Lisboa alerta, Salazar seu esqualo, capanga mor,
Tarrafal demente, colecciona cérebros,
misantropia perversa, esquadrões da morte,
optei de novo, o caminho do mar…
VII

Orinoco serpenteia, águas sem fim,
auríferas areias, aves coloridas…
lembro-me de Simão; …não cireneu, do morto na cruz,
mas de Bolívar, el Libertador… que
Em Santa Marta morreu, febril seus sonhos,
gasta utopia, vida e la muerte, Del General,
todos os dias morremos na cruz…

Avançando na selva, cântico de Xamanes escuto,
tatuagens negras, bambus e flechas,
pepitas douradas voando nas lâmpadas,
urros de fantasmas, los conquistadores,
sangue derramado, índios vestidos, gládio e livro,
verbo de Deus, homens centauros, é a profecia,
a pólvora e a cruz, Bartolomeu de Las Casas…
Meu barco acelera, contra a maré,
minha água turva, Amazona queimada,
morte e moedas, arquitectura efémera,
Em porto Ordaz, no Novo Mundo, cheguei …

Cicere é puta, Ulisses mareante,
Inverte-se o canto, Homero enxerga,
Cicere é índia, enfeitiçada por dólares,
Ulisses fode… cama molhada, charco de esperma,
curral de putas, azares da historia,
Coca-Cola bebem, elixir dos deuses,
Lágrimas sem sal, abraços sem flores, beijos sem água,
doces mentiras, o dia chega,
benzeno nos tanques, cheira
a veneno, passos perdidos, mar encrespado, sigo viagem,
To the Américan dream, Filadélfia á vista!!!!!… apertem atracas,
minha nave chegou…
VIII
De amor fraterno advêm o nome, cidade antiga,
Dionísio seu deus, antes da Americana, foi a primeira,
o universo gira, nada é eterno, Filadélfia ontem,
Filadélfia hoje, o novo império, a sua historia,
a pequenez dos homens, grande é o tempo,
metrópole fria, letreiros néon,
dragões são carros escarrando asfalto,
vadias em delírio, querem chupar-me,
Roosevelt por 100 dólares, usa peruca,
narinas largas, o crak despacha,
a Independence Hall, a constituição,
sino da liberdade, Poe meu poeta; corvo agourento
fura meus olhos, deprimente é a neve, minha tristeza,
imenso lamento, Poe delirando: Tudo acabou!!!!!...- Tudo acabou!!!!!!!Digam que Edy, já não existe…

constituição e liberdade, negros linchados, strange fruits
nas arvores. White Trash nos Guetos, latinos na coca…
América! América! … Ginsberg é poeta, Ginsberg gritando:
América, América!... quando hás de enviar, teus ovos a Índia????!!!!!…

Triste nas brumas, Filadélfia ficou,
rumamos para o norte, velas esticadas cristas na quilha,
marinheiro na gávea alto é o céu;
arranha-céus fálicos carros e trombetas, azáfama de loucos
crimes com arte, cidade de insónia, psiquiatras a quilo,
cavalo louco, time hear is mony;!!!!
Estátua da liberdade, não liberta almas;
Manahata, por 24 dólares nova Amsterdam,
meus irmãos Lenape rindo dos brancos,
o Sol e a Terra, a nada pertencem,
bastam 7 palmos quando a morte beijar.

Wall street não para…
Cães pelejando salivam gás,
Serra Leoa decepada seus diamantes…
África fodida; Nwe York- Nwe York…
Hudson seu rio, neblina e agua,
Harlem e Bronx furam-se veias,
Hooper e as pinturas, que solidão!...
Peguy Gugenheim na arte é poesia. Quens rainha,
Miles Davis azul, a kind of Blue; Central Park verde,
respira-se vida,
Nações desunidas, guerras sem fim. Mata o forte,
o fraco morre…
esta nova babilónia, foi berço de Índios,
de traqueias queimadas, agua de fogo,
Negros no Soul, Vénus é rameira,
I,am a saylor, From Cape-verde islands
arquipélago seco, seco, mas sabe…
Mas sabe que Hollywood é
tempo de partir, não vou para as ilhas,
proibido regresso, fascismo espreita, terror e morte…
Noite tenebrosa, grávida de punhais!…

IX



Nas vagas da vida avistei Europa,
cansado do mar purguei o sal; pelas estradas caminhei,
em Helvécia cheguei..
Desenhando gentes, pássaros e nuvens,
Esposa, amizade, filhos e arte,
Amor pela arte, arte da vida,
POESIA sublime navegam os dias…

Regressei as ilhas, foram 15 longas luas, escutei o Cântico da
Manhã Futura!…


Sou peregrino, nos trilhos do mundo,
Queda e ascensão, a vida é assim,
alegrias e tristezas, sigo o caminho, como
poeta cantando, novos mundos criando,
divas do meu destino ofereço a luz,
meus 55 anos formosos, Monte Verde
sagrado, neblina mística, suave frescura;
minhas narinas amplas, oxigénio no cérebro,
horizonte e utopias, a imensidão do mar…
15 por 23… São Vicente flutua!…

Suspensa no ar, a ilha flutua,
pensamentos brotando, serenas jornadas;
doce memória, sigo avante, a vida é bela,
amo-vos mulheres, musas divinas,
candeia altiva, lua celeste, alvorada em parto, razão de viver…
vou adiar a morte, para um outro dia…






















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