Blogue literário deTchalê Figueira

quinta-feira, 24 de março de 2011

LETRAS SOLTAS

Oh andantes cavaleiros que andais por este mundo,
Que acreditais na fantasia de dom Quixote
Lutando contra mísseis e catástrofes nucleares,
E, a vosso lado, monstros com a sua parafernália, brincando suas
Batalhas e jogos de poder, estes seres, que creditam ser inteligentes,
mas são “espertos”… porque, a inteligência, não é camarada
Da morte… Estes monstros, “adultos”, cujo a criança em eles abortou, e nem todos os psicanalistas deste mundo poderão cura-los; porque a
Humanidade nasceu de um falhanço biológico na sua evolução…
Charles Darwin, Galileu, Giordano Bruno, Ghandi, para a fogueira…
E, acreditamos” em Deus, cujo a obra, somos nós, feitos a sua imagem,
E, se tal for o caso, também ele, um enorme falhanço, nascido no nosso micro cérebro, caca de mosca no Universo infinito, e finito são as nossas
Vaidades efémeras…

Oh andantes cavaleiros, dom Quixote nos seu leitos
De morte, poetas em agonia, pronunciando a ultima frase:
CARAMBA!...AO MENOS, TENTEI!!!!!!!!!!!

domingo, 20 de março de 2011

21 MARÇO DIA INTERNACIONAL DA POESIA: POETAS!... CELEBREMOS!!!!

Oh Homem!
Poesia, não é dactilografia!...
Poesia, é sentir a força do cosmos,
O pulsar da erva que cresce,
Voar com o voo dos pássaros, até o profundo
Da tua alma, azul celestial, criança, que vive em ti;

Espuma das ondas, o timbre sinfónico do mar
Aurora boreal, magnética luz,
Natureza em movimento,
E o silencio musical das montanhas…

Escriturar palavras, é enovelar verbos,
Presunção académica de escriba,
Entulho rebuscado de palavras
Fantasia de asa quebrada
Caligrafia triste sem alma!...

Observa as estrelas do céu oh homem!...
Sente o rumor de cada linha nas folhas
Da árvore, onde respira o mundo;

Ouve o som das pedras deitadas no deserto,
Beijadas pela musica do vento norte
Em teus ouvidos cantando.

Poesia!... É a simplicidade divina das coisas,
Neste universo sem fim.











O SOL NASCE É UM NOVO DIA

Bate a minha janela um agourento pássaro
Meia-noite sem luz, amante da morte,
Seta aguda, insecto nocturno;

O dia dorme, suas pálpebras de chumbo
Arde em meus olhos o vazio das lágrimas
Lava esfriando, fogo que apaga …


Sombra nocturna estremece em meu corpo,
Erva frágil, noite azeviche
Ilusão do mundo, relâmpago que extingue

Folhas de Outono que vagarosamente tombam,
Dialogando com a morte, desejo a aurora.
O Sol nasce, é um novo dia!


quinta-feira, 17 de março de 2011

LETRAS SOLTAS: PUXA SACO E OUTRAS COISAS

Não há remédio, o cristal despedaça eternamente em bilhões de fragmentos. A felicidade é uma ilusão vendida num rectângulo de sonhos que escurece a lua da poesia, que assassinos da luz, em vão, intentam, subornar a imortalidade. Plutocracia desenfreada; e, um bem-falante, nem sempre é um homem bom, igual a um cão, que ladra muito, e não é um bom cão. Oh Vida!!!!!... O rio da vida segue o seu caminho, são milhões de anos, e há mais sangue no seu fluxo, do que fontes cristalinas, onde os poetas bebem, o elixir da serenidade e da contemplação… Sentir a erva fresca das montanhas crescer no imaginário, a luz que não conseguem aprisionar; porque, em tempo de escuridão, os poetas, são a lanterna do Mundo!... E vós mortais, que pensais ter toda a retórica do mundo, lobos enfeitados de tribunos, vossas capas de vermes… Mascarados; salvadores da justiça, vossas leis, vossas igualdades, vossas democracias e fraternidades! … Palavras!!!!! Palavras!!!!! E, se no princípio era o verbo, ter olhos para contemplar, e meditar foi a criação da poesia… Por favor homem!... Não me venhas oh tirano, pregar com a tua dicção simulada de profeta, as tuas maldades inimagináveis… Afasta de mim este cálice, como disse o outro. Sou cavalo que galopa na savana, longe do submundo das cloacas do inferno, e o inferno és tu, e os teus subnormais; insanos, que seguem amarrados nas grilhetas das tuas promessas, a sua incerteza de serem eles próprios. Flores espezinhadas no contracto social da sua triste ignorância. Este medo de sermos nós próprios! Nem Deus, nem mestre, e sem puxa sacos que parasitam na órbita do vosso planeta das vaidades. Pobres de espírito que vão comendo das vossas migalhas, cães obedientes, misantropos, ladrões, traidores, bandidos, criminosos, assassinos… e, eles? Não são bons, uns com as outros?...Se a pureza entre eles todavia existe, acredito que odeiam a sua condição de párias, mas preferem beber Coca-Cola, arrotar em orgias perversas, andar de cabriolé nas ruas da futilidade, e não existe remédio contra a mediocridade… Não há remédio meus amigos, mas todavia existe a poesia, e o poeta, é uma Fénix, que ressuscita das cinzas… Batendo as suas asas de luz, voa para a cidade das utopias, onde mora a felicidade, mesmo sendo ela efémera, como a vida de uma libélula num regato de música.

terça-feira, 15 de março de 2011

Poesia: Casa de Espuma

Casa de espuma, tecto de nuvens,
Em harmonia, seu formoso círculo,
Lar deslumbrante, luminoso de estrelas …

Minhas pálpebras abrindo, sua luz doce, que abriga o dia,
Sua nocturna cortina, que alberga a noite;

O som das
Palavras; teu sedutor silencio,
Montanha sólida; teu zénite solar meus lábios
Que rezam; olhos gizando, curvas de pássaros;
Teus mamilos de mãe, néctar fluindo,
Fonte serena, é o teu jardim, de mariposas;

A relva em silêncio cresce na estrada, a caminhada
Prossegue; peregrinos do amor,
A cada passo, inventamos a esperança;
Memórias e paixões, antes, navegados,
Muitos por navegar; oceano imenso,
Peito iluminado, alteia a fé;

O tempo é memória, vivo o momento,
Cada segundo que passa, já não existe,
A poesia passa, é um relâmpago;
Beijo que abraça a vida, é o amor,
Aurora única que constrói o mundo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

LETRAS SOLTAS

O Encontro

Num templo cilíndrico de pedras negras, debaixo de um altar rasgado por ervas, um guerreiro adornado com escudo e espada, jaz num chão de terra coberto de fungos e odores obscuros. Descendo Do meu alazão, ajoelho a seu lado, constato que está gravemente ferido no peito, seu respirar ofegante, carrega-me de regresso, a evolução.
Viajo até as grandes savanas Africanas, durmo nas cavernas da Etiópia e da Tanzânia, lembro-me do meu milenário medo nocturno das feras. (Sou o único animal sem visão nocturna) Falo com Lucy, primata que desceu das árvores, para pisar a savana. Com a evolução é Homem Habílis, o inventor da pedra lascada, machados e lanças, suas primordiais ferramentas, no seu dia a dia…

Tremendo de frio, (talvez de medo) vejo no rosto pálido do guerreiro a morte; meu corpo estremece. Noto a sua espada ensanguentada, pergunto: Quem foi entre os homens, o primeiro assassino?...

Destapando o meu cantil, coloco água fresca em seus lábios esverdeados a cor
que a morte tinge os homens, mas seus beiços rígidos rejeitam o mais precioso de todos os líquidos, que lentamente rola dos seus lábios, entranhando no húmus da terra…

Sei, perfeitamente, que é o fim do guerreiro!...

Acordo-me das minhas meditações, pelo vento frio que bate nas folhas de uma carvalho, inesperadamente escuto o grande rio que corre entre calhaus e musgos pré históricos. A grande água, com o seu canto vital acorda-me do meu torpor, sua bela canção, por um momento, afasta-me das dores do Mundo…

Levantando a minha cabeça para o tecto sem cobertura do templo de pedras negras, contemplando a abobada celeste, lar das estrelas, que flutuam na infinita imensidão celestial, durante alguns segundos, especulo sobre possibilidades filosóficas possíveis, e impossíveis…


Sem ferramentas para cavar, uma sepultura ao homem que jaz a meu lado, com esforço
cubro o morto com pesadas lajes de basalto, numa espécie de pirâmide tosca e informe e numa fresta do sepulcro, enfio a sua espada, onde penduro o seu enorme escudo, com estranhos desenhos, símbolos para mim desconhecidos.

Comovido, adivinho o sal na minha boca de algumas lágrimas que rojam dos meus olhos, e, num gesto brusco, agarro as rédeas da minha montada, salto energicamente para a garupa do animal, pico as afiadas esporas na barriga do corcel, que desata a galopar na imensa planície. O vento frio cortante, fustiga a minha face, perco-me no tempo, e, após tanto galopar, estou numa colina com enormes ciprestes e pinheiros reais. Um cheiro a ervas e fungos, inquietam meu cérebro…
Olhando pela última vez, o templo que tremeluza, lá longe no horizonte…
Penso.

O homem que enterrei lá em baixo é meu irmão! … No escasso tempo em que estive a seu lado, revi a história da humanidade, milhões de anos num ápice passou.









AZUL DA PRÚSSIA

Momento!

Azul da Prússia, o sol em teus seios,
Olhos negros, voo delicado,
Pétalas na rosa, odor matinal
No pico da flor, poisa a abelha…

domingo, 13 de março de 2011

O silencio das montanhas magicamente musicais,
A serenidade que equilibra o zen do teu ser,
Leve como as nuvens, plumas de um pássaro
Do paraíso, com o seu cantar, que é descanso,
Das coisas que diluem no tempo…

Tudo passa!...

E eu aqui esperando por ti em sigilo… E, se não falas,
Pacientemente, esperarei as tuas mensagens;

E, quando chegarem, igual a luz do dia,
Ou o azul da ilha,
Encherão todas as flores dos canaviais,
Com a tua voz de água, musical e cristalina;

De alegria será o meu dia, bailarei
Contigo descalço, na leve espuma branca
Das ondas, que chegam a praia dos
Nossos olhares.

EM TEMPO DE ESCURIDÃO

Em tempo de escuridão, os poetas são a lanterna do Mundo.

LETRAS SOLTAS

Num provérbio hindu: Crianças e o diabo, as pessoas nunca sabem, o que eles vão fazer!... Mas os políticos, estes, soltam flatulências pela boca fora, flagelando ceguinhos de espírito, patetas alegres na procissão … Todos entram no baile!... Testemunhas de Jeová, ou gentes de outros clubes de bandalhos e espantalhos, cantando glória a politica e ao altíssimo! … Pois!... Com dizia, Hermes Tresmegistus: O que está no alto, é como o que está em baixo… mas pessoalmente, prefiro o caminho do meio, caminho dos budistas e, não fosse do meio das mulheres, o lugar sagrado onde nascemos e, se assim não fosse, não teriam as donzelas, o triângulo mágico, onde aconchego a minha poesia, isenta de blá blá blá… Tão pouco, cocorocó de galo de entulho, numa capoeira plena de pulguinhas, ou, o raio que os parta, e, coçam mais do que aquele coce, coce, extraído nas baterias, dos carros da minha infância…

Palmas palmando, meus senhores e minhas senhoras, trombones desafinados, histerismo de massas, aplaudindo urubus disfarçados de pombas brancas, símbolo da paz, falhanço há milhares de anos, que escorre num crivo de soda caustica…

No deserto de Gobi, um milhão de chineses, empurram uma carroça. Carrega uma bomba de plástico, invenção de um profeta ocidental, que enriqueceu vendendo tinas de plástico nas portas da Wall Street gritando de forma profética: Plastic is Fantastic!!!!...

E, a rosa, que eu tinha para oferecer-te, proveniente do monte Evereste, também um trevo de quatro folhas dos Alpes, que infelizmente murchou na ponte de água estagnada, curral de vacas em delírio, casa de patéticos desfiles de peruas e morcegos, que perderam o seu radar, nadando numa lagoa de urina no cais da alfandega…

Um atleta, supersónico, fora de série, faz piruetas na estratosfera, exibe os seus músculos na Laginha… Um capanga planta terror num campo de refugiados, vedado com arame farpado, e, no ocidente um ranger de dentes, policias em bicicletas, perseguindo traficantes de africanos, obra fantasmagórica, dinheiro sangrando, mães chorando, mentes perversas colectando cadáveres, que nunca chegam ao paraíso.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Tchalé Figueira em Conversa com Alexandre Conceição e José Cunha.wmv

PARA OS QUE ACREDITAM!

Entre a realidade e o onírico a liberdade de protestar e inventar…

Como um contador de histórias que inventa princesas e dragões, crio bichos estranhos, homens e mulheres, em superfícies planas, pintadas com tinta, habitantes do meu subconsciente, minha mitologia pessoal.

Tudo não passa, de uma reinvenção, de outras invenções e, como disse, Jorge Luís Borges: Nada é novo neste Mundo, tudo é esquecimento! …

Tento perceber a complexidade do Mundo, sentir, amar, e também comentar e criticar as coisas boas e más nestas ilhas e no Mundo:

Racismo, politica suja, desastres ecológicos, fome, pedofilia, telenovelas de mau gosto, prostituição, emigração clandestina, neonazis, poder, senhores da guerra, o amor, a poesia, a arte, a compaixão, solidariedade;

Sim! Partilhar, e acreditar no belo!...

Sem Utopia???? O Mundo seria, um imenso caixote de lixo!

O meu país é todos os países, a minha Pátria, a Liberdade!

domingo, 6 de março de 2011

AO POETA NOCTURNO

Macaco Gramático:

Mono com coroa apagada de pirilampos
Recita poesia num charco de sapos;

Narciso atolado na lama
Dom Quixote sem fantasia
Risca gatafunhos na sua
Bêbada psicose;

Tem síndrome de Ezra Pound;
Mija tinta no micro cosmo absurdo,
Da sua aldeia nostálgica;


Macaco gramático vaidoso,
Lê em voz alta poesia
A uma vara de porcos
Surdos de espírito, cegos de luz;

Académico vaidoso, num
Panteão de ossos.


sábado, 5 de março de 2011

Steve Reich - Different Trains (Part I)

LETRAS SOLTAS

Nunca tinha visto as cataratas de Niágara, foi a ilha de Cuba operar cataratas, agora enxerga, e já vê o seu gato Voltaire, nome escolhido por ele com ironia, porque o felino, sai atrás de gatas com cio, e o malandro sempre volta… Daí o nome Vol(ta)ire, filosofo da idade da luz… E, falar de Luz, convêm não confundir as trevas, com a deusa Electra da mitologia. A nossa Electra aqui, tem os geradores fodidos, espalha trevas na cidade! …
Reclama passivamente o povo das ilhas contra estes construtores de túneis e, o grego Diógenes as volta aqui em Mindelo, busca de um político justo? Dizem que o politico justo, malabarista de verborreias, desapareceu num mar repleto de tubarões … Segundo a lenda, foi para o fundo do mar, em busca de uma varinha de condão, prometeu solenemente, milagres, a uns idiotas cegos de espírito …

É urgente o amor, escreveu Daniel Filipe, poeta Luso Crioulo e, nas portas desta cidade, foguetões com rodas guiados por Las meninas, que não são as meninas da bela obra no Prado, pintadas pelo mestre Velásquez…
Aqui, las meninas, conduzem cabriolés e, ao velas passar, traz-me a memoria, um famoso capitão das ilhas, que dizia em alta voz cavernosa quando embebedava-se, esta bombástica frase : Na nossa família, temos de tudo: Capitães, Intelectuais, e, até putas têm!!!!

A transmutação da crica em bilhetes de 5 mil escudos é um delírio!... Vão as compras nas fraudulentas lojas de luxúria bacoca contrafacção Made in China, com suas etiquetas D, Or, e, nem tudo o que brilha é ouro, já dizia-me o alquimista doido que mora debaixo do cais da alfandega, este místico sitio, onde três tartarugas, convocaram uma reunião urgente, com o objectivo de fazerem um balanço sobre a problemática ecológica, discutindo sobra a situação da BP, lavando o golfo do México com Petro- Dólares; flora e fauna que desvanece, culpa da estupidez humana e como já disse Einstein: Existem duas coisas que tenho a certeza: O Universo é infinito, e a estupidez humana também …

Do alto de um promontório observo um velho índio afónico na sua montanha; já não canta aos deuses, e o seu tambor calou… Carlos Castanheda e Don Juan, metamorfoseados, em corvos, voam no alto de um céu azeviche: Num ritual comeram Poiote; voando observam a miséria do mundo que passa numa procissão, rezando: Flores para los muertos! …Flores para los Muertos!

sexta-feira, 4 de março de 2011

A VIAGEM

Lá longe de aquilo que eu e o
Mundo sabe é o vazio. A especulação
Das estrelas, as palavras. Sempre as palavras,
A candeia e a bengala, o sustento do efémero,
Borboletas desfazendo em cinzas.

Sementeira nos campos. Algumas perdidas
Pela secura da alma, outras iluminadas pelo
Incêndio do peito, tal mulher casa da primavera.

Neste monte verde uma grinalda de névoa entra
pelas minhas narinas, penso nos meus mortos que
frios jazem em catedrais olvidados e, no
meu eu, a luz herdada dos seus candelabros
de cristalina sabedoria

Com meu cajado de plumas e um mar imenso
de pensamentos a águia voa, meu pés descalços
sentem a renda dos massa pés, modelando trilhos
na ilha

Lembro-me dos teus ombros que beijo e torno
A beijar cem vezes cem, ou equação infinita
na tábua de ébano dos teus olhos. Borboletas,
pássaros, flores, e meus dedos apontando uma
lua coralina, que repousa entre os vales dos teus formosos
seios.
O quarto, a mesa onde divido o pão e escrevo,
invento palavras cortantes como a espada da
morte, também o sabor a mel que corre nas linhas
das minhas ideais. Colheitas armazenadas
na electricidade do meu crânio iluminado, insectos
coloridos com sangue, sobrevoando o lago das minhas
incertezas.

A casa febril arde, papoilas vermelhas
suspensas na seara, o invisível ar
que respiro, a profundidade no oceano das palavras
que sondo. Respirar de cavalo sem freio,
a tristeza ,o amor e a morte, corrente marítima,
veleiro navegando na borrasca,
minha solidão sem beijos.

Romarias e suor, repicam-se tambores nas ilhas. Santos por um
dia pelas ruas caminham, dos seus sexos bátegas de chuva regando
acácias com seus ramos de navalhas apontadas para a lua.
O povo canta, a cortina da míngua
num tocar de corpos desvanece no vermelho da terra,
e, ressuscitado por um segundo, Cristo com um panfleto
de luz, grita aos homens: Amais uns aos outros, irmãos.
Igrejas, mesquitas, sinagogas, templos iluminados,
dogmas e mártires, artilheiros da fé, mentes
flageladas pela cegueira do verbo

Meu corpo é meu templo, são
beijos de libelinhas, pairando num regato de
cantigas.

Violinos, liras, harpas, violoncelos na rua dos
tímpanos repousam – os sentidos orquestram
a harmonia do dialogo, e, sentado na raiz milenária de um
dragoeiro, oiço o cristal da musica embalando
meu peito grande. Cintilam-se estrelas de
branco veludo, neste universo sem fim.

Violáceo poente, jardim dos
meus olhos, quente vermelho, caminho
leve, varanda nas pálpebras, minhas
pestanas pintando oceanos, as cores, a luz,
sombra e brilho. Sem LUZ!... não há espaço nem tempo!…
Passa um moscardo, regresso a infância bem longe …

Foram tantas, mas algumas pelos caminhos as perdi.
Daguerreótipos depositados no monte
Da minha lembrança. Singapura, ... trinta moedas,
três maços de Chesterfield, meu coito triste,
órfão do mundo, e, mais mar a fora, a ilha de sonhos,
paraíso perdido que a vida anseia.

Rosa-dos-ventos, barco do corpo
Horizonte de tigres, homens – a – vista! …
Será este meu porto seguro?... Teria que encontrar-te
de novo, oh musa perdida!... Tu que comigo
ao agro foste, escutar a fresca erva crescendo.

Planície verde, ausência de espelhos, abominável
objecto de vaidades múltiplas, imagem
negra no pós Outono da vida, rugas no coração,
Homens na plástica, olhos rasgados orbitam
sem brilho, a morte que nunca avisa quando vem jantar.

Bandeiras, estandartes, suásticas, soldados,
Guerreiros marchando, gritam ao tirano :Ave César!...
morttituris ti salutem)
bestas teleguiados colocando ovos no útero do Mundo,
selvas ardendo, mães sem sorriso,
águias apunhaladas no voo do poeta!!!!!… Mas
o poeta feito pássaro que renasce das cinzas inventa
palavras, iluminam-se livros, estes templos sagrados
de divina sabedoria.


Mãos em chama, fogo da aurora, nasce a palavra,
longos dias eternas noites… Ele, sussurrando, pergunta:
São verdes os teus olhos, ou são azuis, como a fina
linha do mar que vem dar a costa dos meus sonhos?

Oh salamandra dourada, fogueira viva,
estrada escarlate. Minhas artérias são rios de sangue,
palavras em meus lábios, cotovelos dobrados, rezo a beleza,
Fénix renasce, musica celestial, partitura divina,
divino escuto Beethoven… ( Freude Godes funkel
aus Ellisium) movimento de batuta solar, musica infinita.

E eis que escrevo este poema aos meus amigos vivos e mortos.
Mortos nas suas frias lapidas, carrego-os
no cadinho da vida… A vela cintila, uma brisa fugaz
entra e sai pela janela das persianas verdes…
a cor dos teus olhos não é?…Ou!… serão azuis?...
negros?... castanhos?... Amo-te com todas as cores
mulher vindima, uva que
etiliza meu veleiro de mastro firme. Sou capitão,
marinheiro de velas soltas nas vagas do teu pão
que como e ofereço-te a comer… Leite, manga,
nuvens, crianças, lua, a imensidão do peito, ajoelhado
beijo teus lábios em flor.

Semente da terra, origem da vida, convexa prenhez,
planta que nasce, festejamos a vida, com cavaquinhos
e violões, a navalha que corta o fio, entre a mãe
e a cria, primavera em brilho, sorrisos marfim,
catedrais de ébano, bocas vermelhas, belos os seus
rostos, rendas de Holanda, mesas coloridas, iguarias
crioulas, manjares e bailes, papilas gustativas, o
céu da boca, malagueta e melaço, cana de açúcar,
o grogue que embriaga nossas alegrias,
também a dor das nossas tristezas…





Pernas pintadas, pó de terreiros saracoteando,
juventude firme, corpos de basalto, seus sexos cheirosos,
coxas ritmadas em transe bailando,
astros que queimam o circulo das saias, carcelas em fogo
suspiros na noite,
Lua bem clara, cama de amantes,
tamarindo gemendo, flores no quintal,
coito efémero nada é eterno, transita o tempo,
La nave vá…

Ofídia fria, Inverno sem luz,
os dias as noites, manto de espinhos,
sem agua no poço o corpo morre,
pálpebras exaustas, guerra dos homens,
o frio mármore, almas cortadas,
sangue inocente, borram-se estradas, lábios sem rega,
sede de viver…

Moedas que corrompem, de fel é a seiva,
vida quebrada, peçonha no cálice, vinho corrompido
falsas abençoas, traqueia que rasga, afónica é a
lira, velas e velórios, estrelas extintas,
caule quebrado dedos partidos, canetas ardendo
escritas sangrando, frios revólveres suicidando
sonhos,… a LUZ da vida, o dia que renasce…

Montanha curva, ventre de
Mulher, parto feliz, a vida,
rio abrindo, relâmpagos, voam-se os dias, soltam-se
amarras, nas veias o sangue, meu corpo nu, multiplicação
de anjos, orações divinas, atiçam-se lareiras, meu cérebro
descansa, a morte fica para um outro dia.

Desço a corrente num barco de seda,
meus gestos, tuas mamas, teu cabelo azeviche. Floresta de crinas
teus olhos que brilham, jardim dos sentidos, os sinos que tocam,
torre ardendo, meu pénis duro, tua concha em flor
teu desejo molhado, minha língua solar, curvas
na púbis, jardim de jasmim, mariposas e pétalas,
teu profundo olhar que entoa musica….


Trompetes e tambores, violas de amor, polifonia
alegre, montes castanhos, braços e dedos,
palma das mãos, rezam-se terços, Cristo bailando,
crianças no baile, pura inocência, coroa sem espinhos,
ilhas vulcânicas, negro basalto, rosas do mar…

Maria, Joana, Bia, Teresa, rebolam-se coxas num
abrasado suor, frenesi musical, cursos de
água, rostos de negros, índios e brancos, nascimento das
ilhas, ancoradouros e portos, casa de marinheiros,
desflora dores de santas, o sal o azeite, a cruz e
os santos, bordeis nas esquinas, gemem-se janelas,
canto de sereias, tatuagens carminas, capitães
de Posídon, filhos do mundo, abandonaram-nos no mar,
tanta saudade, nos dias renascemos,
para bem morrer…

O rugir do mar, um leque de pranto,
terra rasgada, lua serena,
cantamos a desgraça, da sombreada
vida, aves queimadas, tombam-se estelas, neste céu sem fim,
lágrimas e dor, dédalo sem êxito, labirinto oceânico!!!!!…
Oh esperança!...

Buda renasce, crio caminhos, biliões de lanternas,
são pirilampos, lótus da vida, flores no trilho,
ascendo da ilha até as estrelas,
a visão do cosmos, meu universo,
sou a candeia do meu caminho.

Formam-se clarões, repicam-se sinos. Tocam-se
Tambores nos vales da ilha, colar de pássaros
flautas marítimas, pernas que brilham, seda é a derme,
corpos de cristal, incenso de mulheres, fogueira eterna,
cálice que aflui sangue menstrual, fecunda bandeira
mulher sagrada, lança e arado, meto a semente.
Flor de espiga, milheiral no vento,
peixes e pérolas, mãos dos teus braços,
coluna vertebral, pose de rainha,
electricidade no ar, horóscopo e oráculos,
destinos escritos, infinitamente juntos... possibilidades
possíveis, finito, perene, despedidas e encontros,
a vida e a morte. Naufrágios do mundo, a imensidão
do mar… aqui chegaram, novo mundo criaram …
II

Nas suas naus arribaram,
Ilhas vulcânicas, paleolítico repouso,
a primeira missa, repteis e pássaros,
baptizaram-lhes com nomes, que não
advém de Deus… mas sim dos homens,
da sua memória…


A bíblia a espada, pólvora e grilhetas,
Ninharias e missangas, homens esbeltos,
negros e negras, belos como a noite, nocturno azeviche,
reténs e chicote, úlceras e ultrajes, negreiros
malditos, homens marcados, ferro e fogo,
Nasceu o Novo Mundo, com el: Blues, el merengue, e
el uáuánko. Quatro por oito, kumba lele,
Xango, Ogum, yemanjá,
novo lado do mar, algodão em rama,
Coton Clube negro, crioulo é o jazz, que vai libertando-nos,
para renascermos…. Mas…


Com o destino, por aqui ficamos:

Dermes brancas, rosas negras,
melaço nos lábios, cor de mulato,
Peixe, feijão, milho e pilão,
Cavaquinho nos dedos, divinas mornas,
este mar imenso, que nos rodeia,
festa das águas, se Deus quiser, meu
penedo de Tântalo, sede secular, fonte amputada
língua murchada …
morremos e ressuscitamos nosso desespero…
teimosamente aqui ficamos…

Daqui zarparam, naus e veleiros; braços de pedra, arpoadores de
Setáceos. Ondas gigantes, gentes remotas,
filhos do fogo, dez ilhas secas, sede sem fim… Xango, Uatanka,
Cristo, Schalom, sou negro, índio, lusitano, hebreu,
marinheiro das ilhas, num norte sul,
cheiro a goiaba, delicioso carpo, orgasmo forte, filho
colonial, carrego em mim continentes e mundos,
querer ficar e ter que partir…

Penélope acena, com seu lenço de pedra,
lágrimas secas, dias rasgados, membros
calcinados, exiladas almas, cartas que chegam,
modas e moedas, epístolas de luto,
luto e amor, matrimónios por fotos,
procurações. Bodas em Lisboa, Boston e Paris…
vistos de entrada, cartas de chamada, convocações. Censuradas cartas,
Salazar voraz; Tarrafal farpado, frigideira queima,
pulmões rasgados, ratazanas e rondas,
camaradas delidos, carne de canhão,
chumbo de indecência, irremediável loucura, circulo craniano,
réptil milenar, nocturna demência, navalhas loucas
baionetas frias, fresca é a carne,
heróis na peleja, mortos e medalhas,
matam e morrem, anos sem fim,
há tempo para tudo, aqui no Mundo…



III
Em vagas frescas nasceu meu mar,
lavei meu corpo, nasceram mundos, pão nas
estrelas, abanico de chamas, signos e flores,
monte de rosas, sexo balsâmico, paixão de viver,
a hemoglobina quente, bíceps crescendo, luvas de
agua, mãos de pétalas, campo de folhas
bela é vida, forte o amor, pássaro que voa,
neste mar que canta… Minha viagem!…


Lábios de tulipa ardem em meu corpo,
película branca, neve do norte, rios gelados, torres néon,
estrada do paraíso, relógios de agua, mulheres loiras,
polidos vasos, porcelanas de Delft,
crinas de milho, triângulo solar, meu sexo ébrio,
embriagues de touro, planície verde,
diques e riachos, humedecidas conchas,
narciso mulato mornando na viola, canta as mulheres, de blanca luna….

Roterdão, as pontes, pernas bonitas,
bicicletas girando, seios altivos, meu peito que rasga,
nascem tulipas, aqui habito, vindo das ilhas,
broca gelada, fura meus ossos,
barcos a – vista, marinheiros sonhando,
mornas e ninfas, faróis do porto,
navegação exótica, vitrinas de sexo,
gonorreias arcaicas, falos em delírio,
desgraçada solidão, La petite mort…

Iv


Cargueiro na neblina, Oceano Pacifico,
Singapura, China, livro de Mao,
altifalantes ríspidos, uniformes azuis,
individualidades perdidas, falsas doutrinas,
num corcel de sangue, galopa a peleja, Vietname
queimado, América murchando, Marte de espada
ceifa Saigão, heroína nas veias, filhos da noite,
Senhores das guerras, assassinos perversos,
sorvem champanhe, em crânios de chumbo,
contemplo as estrelas, oh miséria do mundo!…

Constelações de palmeiras, cruzeiro sul,
pescando pérolas, homens castanhos,
Gougin pintando, a luz é vida,
na Austrália cantam, doces sábios,
Aborígenes da terra, telepatia forte; bumerangues voláteis
separando estrelas, trilhos na noite, olhos felinos,
canto nómada, seus djederutus, musicando com seixos
seus corpos bailam, oiros cabelos, narinas
largas… vieram Britânicos, raptaram seus filhos,
violência e álcool, agonia de um povo,
Sidney , Cairns, Adelaide, Pert, soltei as amarras
segui o destino… Quinze dias e quinze noites, vi o monte
Fuji. Beijei Bacho, lendo Haykus. Poesia breve, universo profundo,
meu Zen budismo, a espiritualidade do ser,
Yokohama ocidental, comboios cometas,
trilhos chiando, peixe gigante, mito de sismos…
juba de Einstein, Mc2… Openheimer devasta com seu litlle boy,
duas cidades, a bomba atómica, cadáveres em pó
flautas de bambu, Schaguaschy que chora,
quimonos de seda, gueixas no chá,
amendoeira e neve, pétalas perfeitas, mariposas azuis,
levante solar, fim da estrada do Japão parti, termina aqui,
a segunda viagem…
V
De contratos com a vida seguimos vivendo,
pela sabedoria dos homens, nos céus voei…

Do Oriente para o Ocidente; Sir
Isack Newton e a gravidade. Macieira e maçã, que
não é a de Adão, tão-pouco de Eva,
mito de Ícaro, sonho dos homens, inatingíveis mundos,
liberdade ou queda… Tokyo, Amsterdam, via Alasca,
foi um milhão de dólares, conta a historia, Ancorage na
névoa, rio com salmões. Saltam para a morte,
seu renascimento; meu caminho na vida, linhas da mão,
labirinto sem centro, a metafísica, penso no amor,
existo, penso…


Lua soberana céu argentino, rosto de mulher
pálpebras rasgadas, branco cristal, nocturnos
olhos, pestanas de seda, quimono
florido, vénias e luvas, mãos de nuvens,
papel de arroz, caligrafia zen, diploma lácteo,
pólo norte níveo, Robert Perry frio, infinito
silencio, a evolução dos homens,
maquinas voadoras, meu avião no ar,
sigo viagem, caixa veloz, perfurando sombras…

VI
“ Mas tudo regressa, ao ponto de partida!...”


Roterdão meu templo, rezo as divinas,
bicicletas voam, meu falo sulca, regresso a Ítaca,
rosto bronzeado labareda ardendo,
I,am a sex machine; objecto sexual, Europa mulher, minha
concubina, sou bailarino leve, pétala no vento, furação coreográfico,
bailando James Brown… It is a mans mans World… divina tragédia
visto de estadia, aborta aos três meses, barco ou fronteira,
comboios de gado… Lisboa alerta, Salazar seu esqualo, capanga mor,
Tarrafal demente, colecciona cérebros,
misantropia perversa, esquadrões da morte,
optei de novo, o caminho do mar…
VII

Orinoco serpenteia, águas sem fim,
auríferas areias, aves coloridas…
lembro-me de Simão; …não cireneu, do morto na cruz,
mas de Bolívar, el Libertador… que
Em Santa Marta morreu, febril seus sonhos,
gasta utopia, vida e la muerte, Del General,
todos os dias morremos na cruz…

Avançando na selva, cântico de Xamanes escuto,
tatuagens negras, bambus e flechas,
pepitas douradas voando nas lâmpadas,
urros de fantasmas, los conquistadores,
sangue derramado, índios vestidos, gládio e livro,
verbo de Deus, homens centauros, é a profecia,
a pólvora e a cruz, Bartolomeu de Las Casas…
Meu barco acelera, contra a maré,
minha água turva, Amazona queimada,
morte e moedas, arquitectura efémera,
Em porto Ordaz, no Novo Mundo, cheguei …

Cicere é puta, Ulisses mareante,
Inverte-se o canto, Homero enxerga,
Cicere é índia, enfeitiçada por dólares,
Ulisses fode… cama molhada, charco de esperma,
curral de putas, azares da historia,
Coca-Cola bebem, elixir dos deuses,
Lágrimas sem sal, abraços sem flores, beijos sem água,
doces mentiras, o dia chega,
benzeno nos tanques, cheira
a veneno, passos perdidos, mar encrespado, sigo viagem,
To the Américan dream, Filadélfia á vista!!!!!… apertem atracas,
minha nave chegou…
VIII
De amor fraterno advêm o nome, cidade antiga,
Dionísio seu deus, antes da Americana, foi a primeira,
o universo gira, nada é eterno, Filadélfia ontem,
Filadélfia hoje, o novo império, a sua historia,
a pequenez dos homens, grande é o tempo,
metrópole fria, letreiros néon,
dragões são carros escarrando asfalto,
vadias em delírio, querem chupar-me,
Roosevelt por 100 dólares, usa peruca,
narinas largas, o crak despacha,
a Independence Hall, a constituição,
sino da liberdade, Poe meu poeta; corvo agourento
fura meus olhos, deprimente é a neve, minha tristeza,
imenso lamento, Poe delirando: Tudo acabou!!!!!...- Tudo acabou!!!!!!!Digam que Edy, já não existe…

constituição e liberdade, negros linchados, strange fruits
nas arvores. White Trash nos Guetos, latinos na coca…
América! América! … Ginsberg é poeta, Ginsberg gritando:
América, América!... quando hás de enviar, teus ovos a Índia????!!!!!…

Triste nas brumas, Filadélfia ficou,
rumamos para o norte, velas esticadas cristas na quilha,
marinheiro na gávea alto é o céu;
arranha-céus fálicos carros e trombetas, azáfama de loucos
crimes com arte, cidade de insónia, psiquiatras a quilo,
cavalo louco, time hear is mony;!!!!
Estátua da liberdade, não liberta almas;
Manahata, por 24 dólares nova Amsterdam,
meus irmãos Lenape rindo dos brancos,
o Sol e a Terra, a nada pertencem,
bastam 7 palmos quando a morte beijar.

Wall street não para…
Cães pelejando salivam gás,
Serra Leoa decepada seus diamantes…
África fodida; Nwe York- Nwe York…
Hudson seu rio, neblina e agua,
Harlem e Bronx furam-se veias,
Hooper e as pinturas, que solidão!...
Peguy Gugenheim na arte é poesia. Quens rainha,
Miles Davis azul, a kind of Blue; Central Park verde,
respira-se vida,
Nações desunidas, guerras sem fim. Mata o forte,
o fraco morre…
esta nova babilónia, foi berço de Índios,
de traqueias queimadas, agua de fogo,
Negros no Soul, Vénus é rameira,
I,am a saylor, From Cape-verde islands
arquipélago seco, seco, mas sabe…
Mas sabe que Hollywood é
tempo de partir, não vou para as ilhas,
proibido regresso, fascismo espreita, terror e morte…
Noite tenebrosa, grávida de punhais!…

IX



Nas vagas da vida avistei Europa,
cansado do mar purguei o sal; pelas estradas caminhei,
em Helvécia cheguei..
Desenhando gentes, pássaros e nuvens,
Esposa, amizade, filhos e arte,
Amor pela arte, arte da vida,
POESIA sublime navegam os dias…

Regressei as ilhas, foram 15 longas luas, escutei o Cântico da
Manhã Futura!…


Sou peregrino, nos trilhos do mundo,
Queda e ascensão, a vida é assim,
alegrias e tristezas, sigo o caminho, como
poeta cantando, novos mundos criando,
divas do meu destino ofereço a luz,
meus 55 anos formosos, Monte Verde
sagrado, neblina mística, suave frescura;
minhas narinas amplas, oxigénio no cérebro,
horizonte e utopias, a imensidão do mar…
15 por 23… São Vicente flutua!…

Suspensa no ar, a ilha flutua,
pensamentos brotando, serenas jornadas;
doce memória, sigo avante, a vida é bela,
amo-vos mulheres, musas divinas,
candeia altiva, lua celeste, alvorada em parto, razão de viver…
vou adiar a morte, para um outro dia…






















POEMAS DE INQUIETAÇÃO

Pálpebras de pedra
Não observam estrelas! …


Cães de esófagos podres,
Ladram nas esquinas
Do tempo

Com fatos Armanni,
Traficam peçonha,
Nos becos do Mundo,


Crânios conspurcados
Dinheiro ensanguentado

Bailam demónios,
Em festividades necrófilas

Viva o petróleo!!!!!!!!!